Reestruturação da Eletrobras coloca em risco sistema elétrico
O processo de reestruturação da Eletrobras, com foco principal na redução do quadro de funcionários, pode colocar em risco a capacidade técnica-operacional do sistema, alertaram funcionários de empresas do setor elétrico nesta quinta-feira (15) durante audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado.
Publicado 15/12/2016 16:07
A redução de número de empregados e de outros custos faz parte do objetivo da nova gestão da Eletrobras sob o governo ilegítimo de Michel Temer. Em novembro, o presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior, anunciou um programa de demissão incentivada.
As concessionárias de energia de seis estados das regiões Norte e Nordeste (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Alagoas e Piauí) devem ser as primeiras a passar pelo processo de desestatização, o que tende a comprometer um total de 7.500 empregos, segundo dados da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), que congrega sindicatos do setor.
Servidores por terceirizados
De acordo com representantes dos trabalhadores, a ideia da atual gestão é substituir parte dos servidores por terceirizados. Os trabalhadores avaliam ainda que a reestruturação do sistema Eletrobras provocará aumento de tarifas e piora na qualidade de serviço.
Eles citaram casos de privatizações passadas que não teriam dado certo, como o da Companhia de Eletricidade do Pará (Celpa) em 1998. Segundo Pedro Tabajara Rosário, presidente da FNU, desde então houve uma disparada no preço das tarifas e a degradação dos serviços.
“No início da privatização da Celpa tínhamos 2700 trabalhadores, hoje são 1500. Por outro lado, o número de terceirizados é de 7500. É uma das empresas campeãs em acidentes. (Com as novas privatizações), como vai ficar a operação do sistema? Será que vai manter a mesma qualidade?” questionou
Prejuízos para o Norte
Eles preveem ainda que a privatização de empresas do setor elétrico pode prejudicar a transmissão de energia para áreas pouco lucrativas como pequenos municípios da região Norte.
“O objetivo do sistema não pode ser apenas o lucro. A iniciativa privada vai fazer investimentos onde não tem garantia de retorno do seu capital? Fornecer energia para a Região Norte é estratégico para sua ocupação. Dando lucro ou não temos que ter energia”, defendeu Edney Martins, presidente do Sindicato dos Urbanitários do Amazonas.
Os debatedores também criticaram a ausência de representantes da Eletrobras, do governo e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo eles, o governo se recusa a dialogar com os trabalhadores e com a sociedade civil: “É um desrespeito muito grande, inclusive com esta Casa”, apontou Nailor Gato, da FNU.