Reestruturação do BB provoca debate na Câmara dos Deputados
Até o final deste ano, 9.409 funcionários do Banco do Brasil serão desligados da instituição por meio de plano de aposentadoria incentivada. Esse momento do banco tem produzido muita preocupação e crítica ao movimento sindical e aos deputados que representam os trabalhadores no parlamento, como Daniel Almeida (PCdoB-BA) e Érica Kokay (PT-DF) que promoveram, nesta terça-feira (13), um debate na Comissão de Trabalho da Câmara para debater o pleno de reestruturação do banco.
Publicado 13/12/2016 17:03
“Quando se fala em reestruturação, há uma inquietação dos servidores que se preocupam com a instituição, os seus empregos em um momento em que há aumento do desemprego, o que já é relevante para o debate em busca de solução para evitar que esse índice se eleve”, explicou Daniel Almeida na abertura do debate que reuniu representantes da direção do banco, funcionários e sindicalistas.
O parlamentar destacou ainda que a redução do quadro de pessoal e fechamento de agências causariam impacto na economia dado a importância do Banco do Brasil, sua capilaridade e atuação em áreas específicas, insubstituíveis em alguns casos.
E manifestou preocupação com a trajetória dessa estruturação, se é pontual ou significa outros passos, acrescentando que “é apropriado que o parlamento brasileiro possa, junto com os segmentos interessados no tema, fazer esse debate para garantir sua função de forma adequada e busque se fortalecer enquanto instituição estatal com atribuições insubstituíveis.”
Ataque simbólico
Augusto Vasconcelos, presidente do Sindicato dos Bancários de Salvador, que representou também Adilson Araujo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), avalia que o ataque feito ao Banco do Brasil é simbólico porque não é somente um ataque a uma empresa.
“Representa um ataque a um sistema de governança que foi consolidado nos últimos anos, com convocação pública, fortalecimento da estatal e resgate de nossa soberania e de políticas públicas sociais.”
E, citando o presidente ilegítimo Michel Temer, que disse que muitos funcionários do Banco do Brasil eram supérfluos e podiam ser descartados, alertou a população brasileira que os prejudicados com a reestruturação do banco não são só os funcionários, mas também os clientes e a população de uma forma geral.
Carlos de Souza, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), afirmou que existe grande preocupação com o processo de reestruturação que repete o ataque do neoliberalismo do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na década de 1990.
José Caetano Minchillo, diretor de Gestão de Pessoas do Banco do Brasil, admitiu que até o final deste ano, 9.409 funcionários do Banco do Brasil serão desligados da instituição por meio de plano de aposentadoria incentivada. Mas garantiu que a redução do quadro de pessoal “não compromete em nada as nossas competências históricas e capacidade de gerar resultados.”
A fala de José Caetano foi rebatida por Augusto Vasconcelos que indagou se os nove mil trabalhadores que saíram do banco não faziam nada, que poderiam ser descartadas, e se as atividades executadas por eles podem ser absolvida pelo conjunto de funcionários que vão ficar na instituição. E destacou que o plano de reestruturação não se coaduna com a realidade.