Jucá, que queria "estancar a sagria", agora "exige esclarecimentos"
O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), divulgou nota nesta segunda-feira (12) para posicionar-se em relação ao que chamou de “vazamentos criminosos” das delações premiadas de executivos da Odebrecht na última sexta-feira (9).
Publicado 13/12/2016 12:25
Jucá, citado na lista da Odecrecht como Caju, disse que “o PMDB enfrentará todas as questões que forem levantadas contra nós, de qualquer modo, seja de forma clara ou sórdida, no sentido de esclarecer a verdade e dar condição para que os brasileiros possam separar e avaliar com clareza as posições que o partido e seus membros estão tomando”.
O que agora Jucá chama de “sórdido”, em março ele classificava como “sangria”. Ele foi flagrado em gravação com o presidente da Transpetro, Sérgio Machado – indicado pelo para o cargo – contando como manobrava para aprovar o impeachment para “estancar a sangria” da Lava Jato.
Passados poucos meses e como se nada tivesse acontecido, Jucá nega que o partido tenha utilizado caixa dois ou doações não declaradas nas campanhas eleitorais, como apontou a delação premiada o empreiteiro.
Ele garante que todos os recursos foram legais e com prestações de contas aprovadas. Conclamou aos seus correligionários a “enfrentar todas as ondas de boatos, ataques e tentativas de manobrar com fatos forjados a criação de um clima de instabilidade do país que levaria a um caos ainda maior do que encontramos quando o presidente Temer assumiu”.
É surreal – para não dizer cínico – que um dos principais articuladores do golpe contra o mandato da presidenta eleita Dilma Rousseff, que por meio da conspiração, já que era um dos ministros do governo, fale em “tentativa de instabilidade do país”.
Jucá e a cúpula do PMDB liderada por Temer, aderiram à política do “quanto pior melhor” do PSDB e do então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – preso pela Lava Jato em Curitiba – para paralisar o governo Dilma, promover a instabilidade não aprovando as principais medidas enviadas pelo então governo ao Congresso Nacional. Dilma denunciou que, por três meses, o Congresso Nacional não instalou sequer um comissão de trabalho para discutir os projetos em tramitação.
Agora, Jucá pede a união dos membros da legenda “independentemente de sua posição no quadro político” e exalta as medidas que vêm sendo tomadas no governo Temer, como a PEC 55, que congela os investimentos públicos por 20 anos e a reforma da Previdência.
A nota também “exige os esclarecimentos” acerca dos vazamentos de informações de delações premiadas ainda não homologadas e nega que o PMDB tenha cometido qualquer tipo de “erro em relação a recursos de campanha” e diz não temer as investigações da Operação Lava Jato.
Mas na época da gravação com Sérgio Machado, presidente da Transpetro, ele disse que um eventual governo Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo". Machado disse: "Aí parava tudo". "É. Delimitava onde está, pronto", respondeu Jucá, se referindo ao fato de que as investigações só atingiriam o PT.