Segundo turno na Áustria ampliou diferença a favor de Bellen
O chanceler austríaco, Christian Kern, parabenizou o candidato independente, Alexander Van der Bellen, pela vitória nas eleições presidenciais do país. "Eu queria parabenizar sinceramente Van Der Bellen", disse Kern em uma coletiva de imprensa em Viena.
Publicado 05/12/2016 20:18
De acordo com o Ministério do Interior, Van der Bellen está liderando a eleição presidencial austríaca com 60,4% cento dos votos contra 39,6% do seu rival da extrema direita Norbert Hofer, do Partido da Liberdade.
Hofer reconheu sua derrota já no domingo (4) e parabenizou Van der Bellen pela vitória. O receio do possível retorno de um governo da extrema-direita na Áustria fez muitos países europeus voltarem as atenções para as eleições no país.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, saudou a vitória de Van der Bellen, destacando que o resultado é um golpe contra o populismo na Europa. "Grande vitória de Alexander Van der Bellen, na Áustria. O populismo não é o destino da Europa", disse Valls.
Repetição das eleições
As eleições presidenciais austríacas tiveram de ser repetidas, este domingo, depois de Hofer e o seu partido terem conseguido impugnar o escrutínio realizado em 22 de Maio, que Alexander Van der Bellen venceu pela escassa margem de 31 mil votos (50,3% dos sufrágios).
Hofer e o FPÖ, que assumiram como directrizes pôr "a Áustria em primeiro lugar" e uma forte oposição à "imigração em massa", face à "crise dos refugiados", recorreram para o Tribunal Constitucional austríaco, que no dia 1º de Julho invalidou a eleição, por irregularidades na contagem de votos por correspondência, e decretou a repetição do segundo turno das eleições em toda a Áustria.
Os dois se enfrentaram na mais longa campanha eleitoral da história do país. Uma eleição que registrou o avanço direitista após a vitória do Brexit e de Donald Trump nos Estados Unidos.
Norbert Hofer, de 45 anos e número dois do partido anti-imigração FPÖ, e o economista e ex-porta-voz do Partido Verde Alexander Van der Bellen, de 72 anos, compareceram novamente às urnas no domingo após a anulação das eleições de maio por irregularidades na apuração do voto por correio.
A eleição dividiu a Áustria e a participação e capacidade de mobilização das duas vertentes para atrair novamente os austríacos às urnas no domingo era decisiva. A extrema-direita tinha no domingo uma segunda oportunidade de colocar um dos seus na presidência de um país da Europa ocidental pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.
A eleição de Hofer seria uma importante vitória para os movimentos neo-fascistas europeus tendo em vista as próximas eleições na França, Alemanha e Holanda. Tanto a Frente Nacional francesa como a Alternativa para a Alemanha (AfD) desejaram sorte a Hofer através das redes sociais.
“Acredito que essa eleição é determinante, decidirá qual rumo tomaremos”, afirmou no domingo diante de um colégio eleitoral de Viena Claudia M., administradora de 27 anos. Um presidente ultradireitista seria para ela “um retrocesso de várias gerações”. Ernst, de 74 anos, considera “exagerada” a atenção provocada por essa eleição e gostaria que Hofer ganhasse: “É sincero e mantém sua linha”. Outro eleitor, Michael H., de 31 anos, não acha que o país está dividido, mas acha que a decisão tomada pela população será “determinante”.
O discurso tradicional contra a imigração e a elite política dominante deu força aos direitistas na última década. A crise dos refugiados, que levou à Áustria quase 90.000 solicitantes de asilo em 2015 e outros 37.000 em 2016, serviu como mote para a direita.
Hofer se apresentou como o "defensor" do cidadão comum, do “povo” contra o establishment, e captou o incômodo e os temores de muita gente pela crise econômica e migratória. A incapacidade do Governo de coalizão de socialdemocratas (SPÖ) e democratas cristãos (ÖVP) de levar adiante reformas que impulsionem a recuperação e reduzam o desemprego caiu no terreno cultivado pela ultradireita, que falsamente prometia "desalojar as elites" do poder.