40 mil pessoas saem às ruas de SP contra o governo Temer
Cerca de 40 mil pessoas, de acordo os organizadores, ocuparam a Avenida Paulista na tarde deste domingo (27) para protestar contra a PEC 55 – que limita investimentos públicos por 20 anos –, contra a perda de direitos dos trabalhadores e gritar "Fora Temer", em manifestação organizada pela frente Povo Sem Medo, que reúne mais de 30 movimentos sociais, entre eles o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
Publicado 28/11/2016 11:32
O ato começou por volta das 15h, em frente ao Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp) e ocupou os quarteirões próximos ao prédio. O coordenador do MTST, Guilherme Boulos, disse que a PEC é um atentado ao povo brasileiro e que a declaração de Temer neste domingo, sobre a intenção de barrar a emenda da anistia ao caixa 2 é uma hipocrisia. "É a velha história de roubar a carteira e gritar 'pega ladrão'. Foram eles que criaram tudo isso", disse. Mais cedo, Temer e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciaram um acordo entre o Legislativo e o Executivo para impedir a anistia.
Confira o vídeo com a fala de Boulos:
O cantor e compositor Chico César estava lá e, do alto do carro de som destacado para a atividade, fez um pequeno show para a multidão que esperava a saída do ato.
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, defendeu a saída imediata de Temer e eleições populares para eleger o sucessor. "Está na hora de fazer greve para tirar este governo. A nossa bandeira é 'diretas já'. Este Congresso não tem legitimidade (para eleger um presidente)"
Além de Boulos e Freitas, participaram do ato o senador Linbergh Farias (PT-RJ), os deputados Ivan Valente e Luiza Erundina (PSOL), a presidenta da UNE (União Nacional dos Estudantes), Carina Vitral, e o vereador eleito de São Paulo Eduardo Suplicy (PT).
A estudante Letícia Soares, de 17 anos, estava animada. "Acho que as pessoas estão começando a perceber que este governo foi montado para evitar a punição de corruptos. Em seis meses, seis ministros saíram por denúncias de falcatruas", citando o mais novo escândalo do governo Temer, o pedido de demissão de Geddel Vieira Lima, Secretário de Governo até o último dia 25.
Um das coordenadoras da mobilização, Natália Szermeta disse que a PEC 55, se aprovada, poderá "destruir direitos trabalhistas e sociais" e por isso é alvo de protesto. Entre os manifestantes, estava a estudante do ensino médio Ana Júlia curtis Tavares, 16 anos. “Vim aqui porque sou contra essa medida [PEC 55] que vai tirar os direitos de quem tem poucos direitos já conquistados. Vamos ter um retrocesso”, avaliou.
José Tenório da Silva Filho, 39 anos, integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) decidiu se juntar ao protesto para cobrar o direito à moradia. “Há cinco anos estou aguardando isso.”
Os manifestantes também fizeram um minuto de silêncio em homenagem a Fidel Castro, líder da revolução cubana, que morreu ontem (26), e logo em seguida gritaram "Viva Fidel".
Após a concentração, os manifestantes seguiram até a rua da Consolação e encerraram o ato na Praça Roosevelt, região central da capital paulista.
Nesta terça-feira (29), movimentos sociais promoverão um dia de intensas manifestações em Brasília, para acompanhar o momento que provavelmente a PEC 55 será vortada no Senado.