Irmãs Mirabal, as mariposas da liberdade
O século 20 foi marcado por ditaduras que assolaram o continente Latino-Americano. A República Dominicana vivia uma forte instabilidade econômica e política, fato que facilitou a instalação da ditadura de Rafael Leónidas Trujillo (1930 – 1961).
Por Fátima Teles*
Publicado 25/11/2016 16:42

A ditadura Trujillo foi marcada por medidas antidemocráticas que prejudicaram a classe trabalhadora, e contribuíram para a perda de direitos, moradia e renda. Além de restringir os direitos políticos e as liberdades individuais.
Porém, havia aqueles que gritaram pela luta de direitos e pela liberdade. Entre estas pessoas estavam Patria Mercedes Mirabal, Minerva Argentina Mirabal e Antonia Maria Teresa Mirabal, as irmãs Mirabal, que juntamente com um grupo oposicionista de esquerda, bravamente entraram na luta armada contra o Ditador Trujillo.
As irmãs Mirabal nasceram no Norte do país, em Ojo de Agua, na Província de Salcedo. Oriundas e uma família política daquela região, o pai havia sido prefeito da cidade no inicio da Ditadura do déspota Trujillo.
Entre as irmãs, Minerva foi a primeira a se envolver na luta contra o regime ditatorial, tendo sido presa em 1947 e recusado os avanços e assédios sexuais do Ditador Trujillo. Minerva ainda foi torturada.
Seu pai também foi preso, pois era oposição ao Governo. Através da influência política da família conquistaram a liberdade, mas o Ditador mandou prendê-los novamente dois anos depois. Devido à violência e as pressões, o pai da família Mirabal morreu em 1953.
As irmãs entraram no Movimento 14 de Junho, levante que homenageava a data em que os dominicanos se revoltaram contra o ditador e tentaram derrubar o Governo, mas não obtiveram êxito devido a interferência do Exército.
Minerva tinha o nome clandestino de Mariposa e as demais irmãs e seus esposos também entraram na luta.
Muitas pessoas do Movimento foram presas e torturadas, entre essas pessoas, as irmãs e seus maridos. Elas conseguiram liberdade condicional devido a condenação das ações do ditador pela Organização dos Estados Americanos.
No dia 25 de Novembro de 1960, elas voltavam de uma visita aos seus esposos na cadeia e foram pegas de surpresa, levadas numa emboscada, torturadas e assassinadas.
O crime causou grande comoção social e a revolta tomou conta da cidade. Diferente do esperado, esta violência não provocou silêncio e medo. A luta pelos ideais democráticos das irmãs mariposas cresceu e contribuiu efetivamente para a queda da ditadura de Trujillo em 1961.
A data de 25 de Novembro entrou foi declarada pelas Nações Unidas em novembro de 1999 como Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher.
A cidade foi rebatizada em homenagem às irmãs e hoje se chama Hermanas Mirabal e a única sobrevivente delas, Dede Mirabal, educou os filhos das outras três e dedicou-se ao trabalho em defesa da memória.
Dede criou um museu para imortalizar a história da família, a história das Mariposas da Liberdade que deram a vida em defesa de seu país.