Raposa no galinheiro: Saraiva advoga para entidade de imóvel de Geddel
Nesta quarta-feira (23), o conselheiro da Comissão de Ética Pública da Presidência, José Saraiva, encaminhou ofício solicitando ao presidente do colegiado, Mauro Menezes, para ser dispensado de analisar a acusação contra o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
Publicado 23/11/2016 16:10
A decisão de Saraiva acontece depois que reportagem da Folha de S. Paulo, também desta quarta, revelou que que além de ter pressionado o então ministro da Cultura, Marcelo Celero, para liberar a construção de uma obra em Salvador embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o conselheiro Saraiva, da Comissão de Ética da Presidência, atuou na defesa da associação de construtoras incluindo a responsável pelo edifício em Salvador.
Matéria publicada pelo Jornal GGN também apontou ou conflito de interesse: Saraiva advoga para o irmão de Geddel, Afrisio Vieira Lima.
Na reunião do Conselho, Saraiva pediu vista do processo quando a maioria dos seus membros já haviam se posicionado pela abertura do processo. diante da relação com Geddel, a conduta de Saraiva dá sinais de uma tentativa de protelar a investigação contra Geddel.
Saraiva é advogado da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), entidade que representa as construtoras da Bahia, entre elas, a Cosbat, construtora do La Vue. E mais, ele advoga para a Ademi em ação contra o Iphan, e o plano diretor de Salvador.
Segundo a Folha, um primo e um sobrinho de Geddel são representantes do La Vue junto ao Iphan, o advogado Jayme Vieira Lima Filho (primo) e o estagiário Afrísio Vieira Lima Neto, filho do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) e irmão de Geddel.
Vale ressaltar que o documento que tornou os parentes de Geddel representantes do La Vue perante o Iphan, foi assinado no dia 17 de maio de 2016, pouco depois do golpe que levou Geddel a se tornar ministro de Michel Temer.
Revelada a relação entre os dois, Saraiva tratou logo de declara-se impedido. Em ofício, alegou "suspeição por fatos supervenientes", mas não especificou o motivo. Apenas se referiu, no documento, a "questionamentos veiculados em veículos de comunicação".