Comércio tem a maior queda para setembro desde 2002
Apesar do discurso enganoso do governo de que está tudo bem e a economia está se recuperando, as vendas do comércio varejista brasileiro registraram a terceira queda seguida em setembro, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quinta (10). Em relação ao mês anterior, o recuo foi de 1%. A retração é a maior para o mês de setembro desde 2002, quando chegou a 1,2%.
Publicado 10/11/2016 17:18
Na comparação com setembro do ano passado, o comércio sofreu tombo de 5,9%. Com isso, no ano, o varejo acumula queda de 6,5% no ano e, em 12 meses, de de 6,6%.
"As perdas foram generalizadas e isso é um sinal de alerta. Depois de três meses consecutivos de quedas, o que concluímos é que o varejo se enfraqueceu por conta do ambiente econômico", disse a economista do IBGE Isabella Nunes, contradizendo, assim, o discurso do governo.
Diversos ministros e o próprio presidente Michel Temer têm dito que há "sinais de recuperação" e que o país está "entrando nos trilhos", apesar de todos os indicadores apontarem justamente o oposto.
Na passagem de agosto para setembro, seis dos oito segmentos do comércio varejista tiveram queda. Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com recuo de 2,6% frente a setembro de 2015, são o segmento que exerceu o maior impacto negativo na formação da taxa. "O desempenho desta atividade vem sendo pressionado pela contínua queda na massa de rendimento real habitualmente recebida, além da elevação dos preços dos alimentos em domicílio acima do índice geral", diz o IBGE.
Entre os maiores recuos estão aindea aqueles registrados pelos setores de livros, jornais e papelaria (-2%) e de móveis e eletrodomésticos (-2,1%).
Outros setores, com queda inferior à média de 1%, foram tecidos, vestuário e calçados (-0,7%), de combustíveis e lubrificantes (-0,5%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,3%). O segmento de equipamentos e material de informática manteve o mesmo volume de venda de agosto e a atividade de artigos farmacêuticos e de perfumaria cresceu 1%.
Caso as medidas pretendidas pelo governo temer entrem em vigor, a tendência é a situação se agravar, já que o poder de compra das famílias deverá ser achatado, com impactos desastrosos sobre o consumo.