Cheque de Temer desmonta tese e contradiz delator da Andrade Gutierrez
A defesa da ex-presidenta Dilma Rousseff enviou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) documentos que indicam doação de R$ 1 milhão feita pela empreiteira Andrade Gutierrez a Michel Temer (PMDB), então vice na chapa presidencial.
Publicado 09/11/2016 11:42
A prova, juntada aos autos da ação movida pelo PSDB, do derrotado Aécio Neves (MG), que pede a cassação da chapa eleita em 2014 sob a acusação de abuso de poder econômico com base nas doações de campanha, derruba a tese de Temer. Ele tenta dividir a ação sob o argumento de que a sua arrecadação de campanha foi feita de forma separada da de Dilma e que, portanto, seu mandato não deveria ser cassado em caso de condenação pelo tribunal.
De acordo com reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, o montante, registrado na Justiça Eleitoral, seria propina referente a obras do governo federal, segundo o ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo.
A defesa de Dilma apontou inconsistências no depoimento de Azevedo, que disse, em delação na Operação Lava Jato, que o valor de R$ 1 milhão teria sido dado ao diretório nacional do PT. De fato, há uma entrada no dia 14 de julho de 2014 de R$ 1 milhão para a campanha, mas o CNPJ era o do diretório nacional do PMDB, e não do PT.
Documentos mostram ainda que no anexo 112 da prestação de contas da chapa Dilma-Temer, há um recibo eleitoral da transação de R$ 1 milhão feita pelo PMDB para a campanha, que indica como doador original do dinheiro a construtora Andrade Gutierrez.
Além disso, foi anexada uma cópia do cheque nominal para a “Eleição 2014 Michel Miguel Elias Temer Lulia Vice-Presidente”. O cheque foi assinado no dia 10 de julho de 2014. Quatro dias depois, dois extratos bancários mostram que ele foi depositado na conta Eleição 2014 Michel, no Banco do Brasil. O cheque foi assinado pelo senador Eunício de Oliveira, então tesoureiro do PMDB.
Diante das provas, a defesa de Dilma pede que o depoimento do delator seja considerado inválido.
A assessoria de Temer, por sua vez, disse que Azevedo garantiu em seu depoimento ao TSE que o dinheiro doado à campanha do peemedebista é legal e não tem origem em propinas. Temer não nega que tenha pedido “doação” a Azevedo e que foi atendido, mas diz que “tudo aconteceu dentro da legalidade”.