Jovens já assistem mais YouTube do que TV
A brecha tecnológica da internet está, de fato, bagunçando o modelo de negócio da mídia tradicional. E não só dos meios impressos – com a falência de jornais e revistas, a queda crescente de tiragens e as demissões de jornalistas.
Por Altamiro Borges*, em seu blog
Publicado 07/11/2016 08:57
As emissoras de tevê – tanto abertas como a cabo – também estão sentido os efeitos desta mutação. Em meados de outubro, a colunista Keila Jimenez, do R-7, postou uma matéria que evidencia a gravidade da crise. Ela trata dos impactos do YouTube na TV paga dos EUA – mas ajuda a prever o futuro sombrio e não tão distante das emissoras no Brasil. Vale conferir:
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Jovens já assistem mais YouTube do que TV paga, diz pesquisa
Por Keila Jimenez – 19/10/2016
Tendo como base a audiência aqui de casa e da casa de amigos com filhos, eu já imaginava um cenário como esse. Os jovens já estão assistindo mais YouTube do que TV paga. Pelo menos nos EUA. Pesquisa encomendada pelo banco de investimento Piper Jaffray mostra que, pela primeira vez, os adolescentes norte-americanos passaram mais tempo assistindo a vídeos do YouTube do que a TV por assinatura. Nunca foi assim até então.
A pesquisa detalhou os hábitos de 10 mil adolescentes, de 47 Estados nos EUA, e descobriu que, enquanto 26% deles assistem aos conteúdos do YouTube diariamente, 25% assistem a TV paga todos os dias. Veja bem, os jovens continuam consumindo muito conteúdo sob demanda pela TV. A mesma pesquisa mostra 37% dos adolescentes assistem Netflix todos os dia.
Com relação às redes sociais, o estudo confirma que o Snapchat é atualmente a rede social preferida dos adolescentes, com 35%, seguido por Instagram, com 24%, Twitter, 13%, e Facebook, também com 13%. A maioria dos entrevistados está na faixa 16 anos e frequentam escolas de ensino médio nos EUA. A pesquisa teve duração de seis meses. Esse estudo é realizado pelo banco Piper Jaffray desde 2001 e tenta traçar os padrões adolescentes de gastos, as tendências da moda e preferências de consumo de marcas e mídias.
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É certo que esta crise do modelo de negócios não vai destruir as corporações midiáticas da noite para o dia. Os próprios impérios tentam se adaptar aos novos tempos. Eles investem na internet e não estão passivos diante das inovações. Não é para menos que os sites destes monopólios – que postam desde matérias jornalísticas até conteúdos de sexo e de celebridades – são os mais acessados. Eles também seguem faturando alto em publicidade. Matéria recente postada por Ricardo Feltrin, do UOL, mostra que Rede Globo mantém-se na dianteira, destruindo seus frágeis concorrentes. Segundo o texto, que tratou do aniversário de 25 anos da Globosat, o império da famiglia Marinho ainda é imbatível.
"Há exatos 25 anos, no dia 19 de outubro de 1991, nascia um dos negócios mais bem-sucedidos da história do Grupo Globo: a Globosat. Após muitas dificuldades iniciais devido ao 'inexistente' público assinante de TV paga no Brasil, a Globosat hoje é um reconhecido 'case' empresarial de sucesso e também um negócio bilionário. Estima-se que faturará este ano entre R$ 4 bilhões e R$ 6 bilhões, o que faz dela a segunda maior empresa de telecomunicação do país, só atrás da própria TV Globo (faturamento total estimado do grupo este ano está na casa dos R$ 16 bilhões)", registra o jornalista.
Além da exuberância financeira, a Globosat é um sucesso de audiência. "Segundo dados exclusivos obtidos pela coluna, dos 10 canais mais assistidos na TV paga no mês passado, nada menos que cinco pertencem ao Grupo Globo… Somados, seus 12 canais principais hoje atingem uma média de Ibope em torno de 6,6 pontos no Painel Nacional de Televisão. Essa é a média do Ibope que tanto a Record como o SBT costumam ter no país na disputa encarniçada que travam pelo segundo lugar". É evidente que estes êxitos não anulam os temores no futuro próximo da ricaça famiglia Marinho. Mas indicam que a briga ainda será muito longa contra o principal império midiático no Brasil. Sem a regulação democrática dos meios de comunicação, ela será bem mais difícil!