Daniel Bezerra Furtado: Greve estudantil e ocupações
“Nós que não temos acesso a saúde, transporte, segurança, moradia e educação dignas, enfrentamos essas arbitrariedades com greves e ocupações em todo o Brasil, sejam em escolas ou faculdades, e somos criminalizados. O Judiciário, as polícias e o MBL tentam instaurar o terror próprio do estado de exceção contra os estudantes que decidiram de forma autônoma e madura lançar mão do que resta fazer: resistir”.
Por *Daniel Bezerra Furtado
Publicado 07/11/2016 11:34 | Editado 04/03/2020 16:24
Em assembleia com mais de 1500 estudantes, decidimos pela greve com ocupações dos prédios da universidade. O Departamento de Geografia já estava ocupado e, em seguida, a Faculdade de Educação (Faced) foi imediatamente ocupada. Qual a finalidade? O Governo Temer e aliados desejam impor a PEC 241/55, um “plano de austeridade” no Brasil que nem os gregos com mais de 30 greves gerais em seus piores pesadelos imaginaram ver. Vinte anos de arrocho brutal para nós, trabalhadores e estudantes. Parlamentares e juízes são deixados de fora do ajuste fiscal e já começam, inclusive, a reajustar seus salários já estratosféricos. Porque não os congelam em 20 também, e dão este exemplo ao povo brasileiro?
Nós que não temos acesso a saúde, transporte, segurança, moradia e educação dignas, enfrentamos essas arbitrariedades com greves e ocupações em todo o Brasil, sejam em escolas ou faculdades, e somos criminalizados. O Judiciário, as polícias e o MBL tentam instaurar o terror próprio do estado de exceção contra os estudantes que decidiram de forma autônoma e madura lançar mão do que resta fazer: resistir.
No entanto, não bastasse setores da imprensa comemorando o corte de ponto de servidores públicos para frear “a farra das greves”, somos surpreendidos novamente com artigos questionando o que seriam as greves de estudantes e a defesa sagrada dos espaços de cimento e concreto, não dos que neles constroem conhecimento. No dicionário Aurélio essa pergunta é respondida: “greve: interrupção voluntária e coletiva de atividades ou funções, por parte de trabalhadores ou estudantes, como forma de protesto ou de reivindicação”. Se lutássemos apenas contra o golpe parlamentar e pela defesa da democracia, esta greve já estaria mais que justificada. Agora, lutamos também contra seus desdobramentos.
Nadamos contra a corrente. Que os leitores saibam que essa geração que luta e sonha não ficou em casa vendo a banda passar, por que acreditamos em nossos sonhos.
*Daniel Bezerra Furtado é Estudante de Pós-Graduação em Educação da UFC
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