Deutsche Bank preocupa sistema financeiro mundial

As preocupações com o Deutsche vêm oito anos depois da falência do Lehman Brothers, algo que desencadeou uma das maiores crises da história do capitalismo. E a crise atual é, em parte, consequência do que aconteceu em 2008.

Punição por ação na crise de 2008

A Justiça Americana quer receber US$ 14 bilhões para encerrar a ação sobre a venda fraudulenta de títulos imobiliários pelo banco, antes da crise de 2008. Com a notícia, fundos de investimento começaram a vender os papéis em massa.

Segundo a direção da instituição financeira alemã, a venda é um movimento dos investidores para desvalorizar os papéis e comprá-los mais baratos no futuro. No início de outubro as ações alcançaram o pior valor em três décadas.

A possibilidade do pagamento bilionário aumentou as dúvidas sobre a saúde financeira do Deutsche. Os investidores querem saber se o banco é sólido o suficiente para superar uma punição como essa, caso ela aconteça realmente.

Situação para encarar a crise

Diferentemente de outros bancos, a preocupação com o Deutsche não é a inadimplência, mas o real valor do que o banco diz ter como ativos – bens e direitos que impactam na receita de uma empresa.

O banco declara em seu balanço ativos intangíveis – que podem ser, por exemplo, direito sobre lucros futuros. Só que o mercado acha que esses papéis valem menos. A lacuna entre o que o banco diz ter e o que analistas externos avaliam é de 37 bilhões de euros.

Como prova de sua saúde financeira, o Deutsche tem usado o resultado de levantamentos feitos pelo Banco Central Europeu para atestar a credibilidade dos bancos. O problema é que, segundo o jornal britânico “Financial Times”, o Deutsche Bank recebeu tratamento especial nas inspeções do Banco Central Europeu.

Além das dúvidas sobre a situação atual, há incertezas sobre a capacidade de faturamento do Deutsche, assim como de outros bancos europeus, em um cenário de juros muito baixos e até mesmo negativos. Os juros baixos prejudicam os lucros e a capacidade de faturamento.

Planos de recuperação

O banco tem pensado em abrir o capital de sua divisão de gestão de recursos. Com o IPO (oferta pública inicial de ações de uma empresa), o Deutsche poderia levantar até 8 bilhões de euros e reconstruir sua reserva de capital.

Outros negócios podem render mais 5,6 bilhões de euros ao banco. As operações poderiam dar uma ajuda ao banco no curto prazo, mas representariam um enfraquecimento para o futuro.

Uma preocupação adicional para os investidores é que o governo alemão não parece disposto a ajudar o banco. A solução foi a usada pelo governo dos Estados Unidos após a crise de 2008.

O Deutsche é o maior banco da Alemanha e foi um dos principais financiadores do crescimento do país no século XX. Problemas financeiros com o banco afetariam fortemente a economia alemã, europeia e mundial.