Máfia da Merenda: Delator pagou propina dentro da Alesp
Marcel Ferreira Julio, tido como lobista da Coaf no suposto esquema e fraudes e desvio de merenda no governo do Estado de São Paulo, disse em delação no último dia 27 que pagou propina a dois ex-assessores do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Fernando Capez (PSDB), dentro da própria Casa.
Publicado 17/10/2016 13:58
O principal delator da Operação Alba Branca contou ao Tribunal de Justiça que os pagamentos foram feitos na entrada, na área externa e até no restaurante da Alesp, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo. Ele também reforçou, como havia dito ao MP em abril, que parte da propina iria para despesas de campanha política de Capez em 2014 a deputado estadual.
Deflagrada em janeiro, a Alba Branca investiga um suposto esquema de fraudes e desvios na merenda em contratos entre a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), prefeituras e a Secretaria da Educação do governo de Geraldo Alckmin (PSDB).
Os pagamentos teriam sido efetuados em dinheiro vivo ao longo de 2015 aos ex-assessores do gabinete do tucano, Jéter Rodrigues Pereira e José Merivaldo dos Santos, enquanto o Estado pagava pelo suco fornecido em contrato.
"Era feito em dinheiro, eles [membros da Coaf] sacavam, vinham para São Paulo, a gente se encontrava em algum lugar e toda vez era pagamento em dinheiro, em alguns lugares na Assembleia, para os dois [ex-assessores]; fora, na entrada, no restaurante, sempre por ali", disse Marcel segundo o jornal paulista
A Justiça quebrou o sigilo bancário e fiscal dos suspeitos e de firmas ligadas a eles. No caso de Capez, também foi quebrado o sigilo relacionado a investimentos em bolsa de valores.
O presidente da Alesp afirmou em nota ao jornal paulista que repudia a tentativa de envolvimento de seu nome com a Operação Alba Branca, e que todas as testemunhas têm apontado que seu nome "foi usado" por terceiros.
Depoimento na CPI da Merenda
Na semana passada, em sessão secreta na CPI da Merenda da Alesp, Marcel teria confirmado o que disse em delação premiada em abril deste ano, quando citou os assessores de Capez. "Ele disse que é verdadeiro, que o segundo depoimento confirma tudo o que foi dito no primeiro e que ali há provas e documentos. O advogado também disse que tudo o que está ali é verdade", afirmou o deputado Alencar Santana, membro da CPI.
Santana informou que Marcel pediu a reunião secreta e, ao chegar, orientado pelo advogado, não respondeu às questões. "Mas, pelo pouco que ele falou, conseguimos extrair coisas importantes. Primeiro, que os gênios do esquema eram o Jéter e o Merivaldo, e que o Jéter o ameaçava, dizendo que, se a propina não fosse paga, o contrato poderia ser prejudicado", disse Santana.