Ato em São Paulo exige fim do conflito na Colômbia
Quando se fala no conflito na Colômbia que dura mais de 50 anos, parece se tratar de uma questão distante, mas é impossível pensar em São Paulo e não imaginar as centenas de etnias que compartilham os espaços da cidade. Por isso, neste domingo (9), a Avenida Paulista vira um palco de solidariedade ao país vizinho.
Por Mariana Serafini
Publicado 07/10/2016 16:53
Depois do resultado do plebiscito realizado na Colômbia no domingo (2) que rejeitou o Acordo de Paz entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo), um grupo de colombianos que vivem em São Paulo decidiu organizar um ato para exigir que as autoridades políticas trabalhem pela paz.
O Encontro e Ato Simbólico em defesa da paz na Colômbia acontece neste domingo (9) na capital paulista a partir das 14 horas. O artista Carlos Monroy, que é um dos responsáveis pela convocação, explica que o objetivo do encontro é exigir a paz, além de esclarecer a situação atual da Colômbia para as pessoas interessadas em saber um pouco mais sobre a questão.
Os organizadores convidam toda a comunidade colombiana a participar, mas o convite se estende aos imigrantes de outros países e a todos os brasileiros interessados em defender esta causa que se trata da vida humana, não apenas de política. “Não importa se as pessoas votaram pelo ‘sim’ ou pelo ‘não’, ou se não votaram, nós vamos nos reunir para defender a paz”.
Segundo Carlos, as marchas pela paz realizadas na Colômbia no decorrer desta semana inspiraram o ato em SP
A ideia é reunir as pessoas na Praça do Ciclista e caminhar em fila indiana (quantas sejam necessárias) e em completo silêncio até o MASP, com cartazes em defesa da paz. Ao chegar no ponto final, os manifestantes farão um ato simbólico com velas e serão estimulados a conversar sobre “reconciliação”. De acordo com Carlos, o objetivo é que as pessoas se sintam a vontade para falar sobre algum momento de reconciliação de suas vidas, de forma a compreender como o conflito interfere no cotidiano do povo colombiano e a necessidade de se estabelecer a paz sólida e duradoura.
A antropóloga Keyllen Nieto, também responsável pelo Ato, alerta sobre a contraofensiva da direita que atinge não só a Colômbia, mas o Brasil, os Estados Unidos, diversos países da Europa e da África. “É um discurso do medo veiculado pela extrema-direita que está unificada e extrapola nossas fronteiras”.
Keyllen explica que, assim como outros imigrantes, os colombianos que vêm para São Paulo buscam novas oportunidades, mas além disso, tentam se afastar de um clima de tenção e guerra que domina seu país. Segundo ela, este ato tem uma característica muito marcante dos colombianos: “a capacidade de transformar o lamento em ação”.
Carlos estava voltando do Rio de Janeiro para São Paulo, e Keyllen estava em uma festa quando receberam o resultado do plebiscito. “Eu entrei em choque”, contou ele. “A festa acabou para mim, chorei, choramos todos os colombianos”, revelou ela. Eles já nasceram num país em guerra e esta seria a primeira oportunidade de alcançar o fim do conflito.
Depois do choque, eles decidiram se unir a outros amigos para contribuir com a construção da paz de alguma forma, mesmo que a distância. Além de Carlos e Keyllen,Viviana Peña, Claudia Blanco, Sergio Pinzon, Paula Andrea Rodriguez e Jennyfer Anyuli integram a organização do evento.
Serviço:
Encontro e Ato simbólico em defesa da paz na Colômbia
Local: Praça do Ciclista
Encerramento: Masp
Horário: 14 horas
Mais informações no evento oficial.