Ataque a candidato a prefeito deixa 3 mortos e vice-governador ferido
O candidato a prefeito da Itumbiara, em Goiás, José Gomes da Rocha, morreu baleado na tarde desta quarta-feira (28), enquanto participava de uma carreata de sua campanha, ao lado do vice-governador (governador em exercício) e secretário de Segurança Pública, José Eliton (PSDB). Outras duas pessoas, um assessor do candidato e seu segurança, também foram baleadas no mesmo atentado. O atirador foi morto pelo segurança. O líder do PTB Jovair Arantes, que participou da carreata, saiu ileso.
Publicado 29/09/2016 10:36
Conhecido como Zé Gomes, o candidato pelo PTB era um milionário pecuarista goiano e já havia sido prefeito de Itumbiara entre os anos de 2005 e 2012. Era apontado como o favorito para assumir a Prefeitura. As primeiras informações são de que ele morreu no hospital, após receber tiros na cabeça, braço e pescoço.
Segundo a polícia, o responsável pelos disparos era o funcionário da prefeitura Gilberto Ferreira do Amaral, de 53 anos. Auxiliar de serviços gerais da secretaria municipal de Saúde de Itumbiara, ele morreu baleado dentro do veículo em que tentava fugir.
Vice-governador passou por cirurgia
A unidade de saúde de Goiânia, para onde foram levados o vice-governador José Eliton e o advogado da prefeitura de Itumbiara, Célio Rezende, de 62 anos, informou na manhã desta quinta-feira (29) que os dois estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo o hospital, o quadro deles é regular, porém não há risco de morte. Os pacientes passaram por exames e estão conscientes.
José Eliton ocupava interinamente o governo de Goiás pois o titular, Marconi Perillo (PSDB), estava em viagem oficial aos Estados Unidos.
Abaixo o vídeo divulgado nas redes sociais mostra a reação dos participantes da carreata e se ouve mais de uma dezena de disparos feitos contra o grupo:
Ataque
Para os jornalistas, o deputado federal Jovair Arantes (PTB), que também estava no veículo que foi alvo do ataque, contou como foi a aproximação do atirador. “Todo mundo achou que vinha pegar na mão, mostra um papel para o Zé [José Gomes]. De repente, ele sacou a pistola e começou a atirar a esmo. Graças a Deus que um segurança da responsabilidade da vice-governadoria estava presente e matou o cara”, afirmou.
Os enterros de Zé Gomes e de Vanilson Pereira estão previstos para o fim desta tarde (29), em Itumbiara. O corpo do ex-prefeito está sendo velado nesta manhã (29), no Teatro da cidade.
O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) confirmou que as urnas já estão lacradas e as eleições municipais em Itumbiara, apesar do assassinato do candidato a prefeito José Gomes, que era favorito para o cargo, se manterão. Segundo o TRE, não há tempo hábil para substituição de foto e nome na urna. O pleito ocorrerá neste domingo (2).
A direção do PTB informou que irá realizar uma reunião para a substituição do candidato ainda nesta quinta (29). E que aguarda o retorno do governador do PSDB para a definição. O vice da chapa é o ex-vereador Gugu Nader (PPS), porém, o presidente do PTB goiano, Maxwel Elias Borges, já informou que o nome deverá continuar a ser de seu partido.
R$ 109 milhões em patrimônio
Collor
Segundo informações do jornal O Popular, o ex-prefeito José Gomes foi coordenador da campanha de Collor e um dos 38 deputados que votaram contra o impeachment do ex-presidente. Ele havia se filiado ao PRN em 1990 quando se reelegeu deputado. Zé Gomes também era envolvido com o futebol, foi presidente do time de futebol da cidade de Itumbiara.
Em 2013, o Ministério Público de Goiás moveu duas ações contra ele relativos ainda à sua gestão como prefeito de Itumbiara (GO). Ele foi considerado ficha suja, pois respondia por diversas ações movidas pelo MPF nas últimas décadas. Ele, inclusive, foi condenado em 1996 por contratar atletas profissionais de futebol para atuarem no Itumbiara Esporte Clube como se fossem secretários parlamentares na época em que era deputado. Após o escândalo, Zé Gomes foi afastado da presidência da Saneado (empresa de abastacimento de Goiás) e ainda não foi convidado à candidatura a vice-governador de Marconi Perillo (PSDB) nas eleições de 2014, como almejava.
A polícia de Goiás já começou as investigações sobre o caso, mas não se sabe ao certo a motivação do crime. Mesmo as vésperas das eleições há diversas linhas para as investigações. Há uma estranheza no fato do funcionário da prefeitura, de origem humilde, de apenas 53 anos, pai de família e sem passagem pela polícia, sair atirando em um candidato a prefeito, no vice-governador e secretário de Segurança Pública do estado, na presença de vários seguranças, à luz do dia, no encerramento de uma carreata (quando muitas pessoas se juntam), e achar que sairia ileso da cena do crime. O que se perguntam é que ódio era esse para cometer um “atentado suicida”.