Altamiro Borges: "João Dólar" será cassado em São Paulo
Nesta segunda-feira (26), o Ministério Público Federal entrou com ação contra a chapa do tucano “João Dólar Jr.” à prefeitura de São Paulo. O promotor José Carlos Bonilha pediu à Justiça Eleitoral a cassação da sua coligação e também a inelegibilidade do governador Geraldo Alckmin por abuso de poder político.
Por Altamiro Borges, em seu blog
Publicado 29/09/2016 14:45
Se a drástica solicitação fosse contra um candidato de esquerda, a mídia chapa-branca teria feito o maior escarcéu. O assunto seria manchete dos jornalões e motivo de ácidos comentários dos “calunistas” de rádio e tevê.
Mas como atinge o empresário-picareta do PSDB, a maior parte dos eleitores paulistanos nem ficou sabendo da ação do MPF. Afinal, todo tucano é santo, segundo a visão distorcida e seletiva da imprensa amiga.
No pedido da cassação, o promotor citou vários casos de abuso do poder político. Lembrou que o governador exonerou a sua secretária de Meio Ambiente e nomeou Ricardo de Aquino Salles, ligado ao Partido Progressista.
Em troca, a chapa de João Doria recebeu apoio do PP, aumentando em 25% o seu tempo de rádio e tevê. “Na nossa avaliação, isso caracteriza um desvio de finalidade. A secretaria foi dada procurando atender a interesse político-partidário, e não de acordo com o interesse público”, afirma José Carlos Bonilha.
Ele também relatou a participação do governador em atos de campanhas antes da oficialização da candidatura. “O Alckmin saiu visitando comunidades em São Paulo, especialmente Paraisópolis, se deixando fotografar, interagindo com a comunidade. Portanto, fazendo ato de campanha. O governador, como chefe do Executivo, tem que manter neutralidade em relação aos concorrentes”.
O promotor também criticou o uso na campanha tucana do slogan “Acelera São Paulo”, marca de um programa da secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo.
“Esse slogan foi apropriado pela coligação e não é possível que a ela tenha o nome de uma marca, um símbolo, uma imagem ou um slogan de um ente público. A lei eleitoral proíbe expressamente. Isso é crime eleitoral”, garante.
Vários dos casos citados pelo MPF foram apontados por setores do próprio PSDB, que até hoje não engoliram a imposição do nome do empresário-picareta, apadrinhado de Geraldo Alckmin. Ainda de acordo com o promotor, se a ação for julgada procedente, mesmo após uma eventual vitória eleitoral de “João Dólar”, o seu diploma poderá ser cassado.
Conhecendo o histórico do Judiciário de São Paulo – que mais se parece com um poleiro tucano –, tudo indica que a ação do promotor José Carlos Bonilha não vai dar em nada. O que só reforçará uma chacota que circula há muito tempo nas redes sociais: basta se filiar ao PSDB para não ser processado, investigado, condenado e, muito menos, preso! Afinal, os tucanos são santos – protegidos por Deus, pela Justiça e pela mídia chapa-branca!