Não-Alinhados inicia cúpula na Venezuela
Teve início nesta quinta-feira (15) a 17ª Cúpula do Movimento de Países Não-Alinhados (MNA). Ela deve levar à ilha mais de 10 mil pessoas, de acordo com a Chancelaria venezuelana. Para os movimentos e governos anti-imperialistas, o momento é de elevada importância e propicia o fortalecimento de um grande fórum nascido há quase seis décadas. O Conselho Mundial da Paz (CMP), organização observadora do MNA, será representado no evento pela presidenta Socorro Gomes.
Publicado 15/09/2016 14:36

A Venezuela receberá do Irã a Presidência do MNA, o que deve contribuir para o combate às tentativas de isolamento da República Bolivariana, promovidas pelas forças conservadoras da direita nacional e latino-americana, respaldadas pelo imperialismo estadunidense. A realização do evento no país é de grande significado, comenta Socorro Gomes, que preside o CMP e o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).
"Este é o maior fórum entre nações depois da ONU e representa cerca de 55% da população mundial. O MNA sempre teve como seu norte os princípios da soberania e da não-ingerência, a oposição veemente à guerra, às armas nucleares e ao colonialismo e a defesa irredutível da paz," afirma Socorro. A primeira reunião entre chanceleres aconteceu na terça-feira, com o lema "Unidos pelo Caminho da Paz".
Para Socorro, a realização do encontro na Venezuela é também significativo porque o país "está sob ataque, enfrenta uma guerra econômica e midiática, além do preconceito contra a República Bolivariana e o governo do presidente Nicolás Maduro. Um ataque em que participa o governo golpista de Michel Temer, que articula a tentativa de exclusão da Venezuela, ao impedir que o país assuma, como é seu direito, a Presidência Pro Tempore do Mercosul."
O MNA foi criado em 1961, em plena Guerra Fria, em Belgrado, na antiga Iugoslávia (atual Sérvia). O fórum é composto hoje por 120 países (53 da África, 39 da Ásia, 26 da América Latina e Caribe, dois da Europa) entre os 194 membros da Organização das Nações Unidas (ONU). O Brasil tem estatuto de observador. Há também 10 organizações observadoras, inclusive o CMP, a ONU, a União Africana, a Liga Árabe, entre outras.
A Conferência de Bandung, na Indonésia, em 1955, é o momento inspirador do estabelecimento do MNA. A reunião entre 29 países asiáticos e africanos, naquele ano, centrava-se na oposição ao colonialismo e ao neocolonialismo e na cooperação. Foram definidos então os "Dez Princípios de Bandung":
- Respeito pelos direitos fundamentais do homem e pelos fins e princípios da Carta das Nações Unidas.
- Respeito à soberania e à integridade territorial de todas as nações.
- Reconhecimento da igualdade de todas as raças e de todas as nações, grandes ou pequenas.
- Abstenção de intervenções ou ingerência nos assuntos internos de outros países.
- Respeito ao direito de toda nação a se defender por si só ou em cooperação com outros Estados, em confirmidade com a Carta das Nações Unidas.
- Abstenção da participação em acordos de defesa coletiva com vista a favorecer os interesses particulares de uma das grandes potências. Abstenção, por parte de qualquer país, de exercer pressão sobre outros países.
- Abstenção de atos ou de ameaça de agressão e do uso da força nos concertos da integridade territorial ou de independência política de qualquer país.
- Composição de todas as vertentes internacionais com meios pacíficos, como tratados, conciliações, arbitragem ou composição judicial, assim como com outros meios pacíficos, segundo a livre seleção das partes, em conformidade com a Carta das Nações Unidas.
- Promoção do interesse e da cooperação recíproca.
- Respeito pela justiça e pelas obrigações internacionais.
A atualidade do debate e da necessidade de fortalecimento do fórum é evidente, "sobretudo neste momento, em que o imperialismo tem intensificado as ameaças e agressões contra os povos de todo o planeta," pontua Socorro. "A reunião é importante para os movimentos da paz porque fortalece a nossa bandeira, assim como a da soberania e da unidade dos povos do mundo e do nosso continente," a presidenta conclui.
Leia mais sobre a história do MNA na página da Cúpula deste ano (em espanhol).
Assista a vídeos históricos (inclusive dos discursos de Fidel Castro e de Hugo Chávez) e à transmissão do evento na Venezuela.