Sem PSDB não haverá governo Temer, ameaça Aécio
"Enquanto Temer se mantiver fiel a essa agenda que colocamos para o país, contará com o PSDB. Se percebermos que isto não está ocorrendo, o PSDB deixa de ter compromisso com este governo. Não é uma ameaça, apenas uma constatação natural", disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG), em entrevista à jornalista Júnia Gama.
Publicado 04/09/2016 12:03
Na realidade, trata-se, sim, de uma ameaça – e das mais explícitas. No roteiro desenhado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e executado por Aécio Neves, em parceria com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Temer faria o "trabalho sujo" da "ponte para o futuro" e, em seguida, renunciaria a qualquer projeto de poder, cedendo o espaço, em 2018, para uma candidatura de Aécio Neves.
O projeto, no entanto, fracassou. O mundo inteiro enxerga o impeachment da presidente Dilma Rousseff como um golpe parlamentar e muitos, no Brasil, apontam o senador Aécio como um dos principais responsáveis pela crise política que arruinou a economia brasileira. Tanto que, de acordo com pesquisa Ipsos, a rejeição de Aécio, que não aceitou sua derrota eleitoral em 2014 e apostou no 'quanto pior, melhor', já é de 64%.
Portanto, para o presidente nacional do PSDB, o golpe de 2016 foi um péssimo negócio. Se o governo Temer der errado, o que é o cenário mais provável, uma vez que a economia não para de afundar, o fracasso será também tucano. Se der certo, o candidato das forças governistas será Henrique Meirelles – e não Aécio ou qualquer outro nome do PSDB.
"O PSDB tem ecoado com muito mais clareza as posições do presidente Temer do que o seu próprio partido. Sem o PMDB agindo de forma coesa, as dificuldades de Temer serão quase intransponíveis. Esse último episódio (fatiamento da pena de Dilma Rousseff) demonstrou, mais uma vez, a ambiguidade com que o PMDB atua", disse ainda Aécio em sua entrevista.
Na entrevista, ele falou ainda sobre a ação movida pelo Tribunal Superior Eleitoral, movida pelo PSDB, que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. "Caberá ao TSE avaliar se Temer teve responsabilidade nisso ou não", afirmou.
Lava Jato
Citado em várias delações como beneficiário de propinas, especialmente na da OAS, que apontou pagamentos de 3% nas obras da Cidade Administrativa, Aécio minimizou as acusações. "São coisas tão absurdas e impossíveis de serem comprovadas que tudo isso será muito positivo. Vamos sair disso muito mais fortes. Tenho zero temor. Não apenas eu, mas vários outros também indevidamente citados. Uma coisa é um escândalo de corrupção que tomou conta do país, capitaneado pelo PT. As empresas dizerem que ajudaram A, B ou C em suas campanhas eleitorais é natural, é outra coisa."