Lula: “Querem entregar Brasil aos estrangeiros. Não vão conseguir”
No maior assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no país, o conjunto Itamarati, em Mato Grosso do Sul, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quarta (24) do Ato Nacional em Defesa da Democracia e da Reforma Agrária. Lula alertou que os golpistas querem entregar o país aos estrangeiros: “Eu vim aqui para dizer que não vão conseguir”, afirmou o ex-presidente.
Publicado 25/08/2016 09:56
Lula rechaçou o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. “Não se enganem, eles não cassaram a Dilma: eles cassaram o voto de vocês. E querem cassar o direito de vocês decidirem” afirmou. “A democracia custou muito caro a este país. A nossa geração lutou muito por isso”, salientou.
O ex-presidente criticou as medidas de retrocesso do presidente provisório de Michel Temer (PMDB) e mandou um recado. “Temer, você tem direito de ser presidente. Mas se você quer mesmo ser presidente, dispute uma eleição democraticamente, e não venha dar um golpe no povo brasileiro”.
O ex-presidente criticou a política entreguista de Michel Temer: “Eu não tenho nada contra os EUA, mas nós aprendemos a andar com nossos pés brasileiros e nossa cabeça brasileira. Porque nós temos o orgulho de ser brasileiro. Eles [golpistas] tem vergonha”. E acrescentou: “Eles querem entregar o Brasil para os estrangeiros. E eu vim dizer: eles não vão conseguir”.
Reforma agrária
Lula resgatou os avanços promovidos nos últimos anos e enfatizou que é preciso mostrar para o Brasil o outro lado da história.
“Antigamente nesta terra tinha o tal ‘rei da soja’. Tinha pouco trabalhador – e muita soja. Qual a diferença de hoje? Continua com muita soja. A diferença é que essa terra não em só soja. Tem feijão, peixe, arroz, milho… E a principal diferença é que essa terra não é mais de um homem só, que nunca sujou a mão de terra. Essa terra pertence a mais de 3 mil famílias que vivem e plantam nesta terra”, contou.
E completou: "Tenho certeza que fiz um governo bom para os trabalhadores, e também para os ricos. Os trabalhadores continuam gostando de mim. Os ricos agora estão torcendo para o golpista do Temer”.
Criminalização da política
Lula também falou sobre as investigações e a seletividade do processo e prisões, além da espetacularização da mídia, que visam criminalizar a política.
“Todo santo dia eles falam mal de mim na televisão”. Mas afirmou, confiante: “O problema é a quantidade de ‘Lulas’ que estão aqui ainda sem saber falar. A quantidade de ‘Lulas’ que vocês produziram aqui no assentamento”, afirmou Lula, que também falou sobre o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância. "O juiz Moro quer prender ladrão? Que prenda, porque lugar de ladrão é na cadeia. Mas tem que ter responsabilidade com o desemprego causado na indústria naval", afirmou.
“Eles acham que eu errei em colocar pobre na universidade. Eles acham que eu errei quando temei em provar que era possível colocar a juventude brasileira nas escolas técnicas. Quando fizemos uma lei para obrigar que cada prefeito desse país colocasse 30% de um produtor local na merenda escolar. Quando resolvemos criar o programa de aquisição de alimento para que o pobre pudesse vender sua produção para a Conab”, destacou.
João Pedro Stédile, coordenador do MST, afirmou que o governo golpista de Temer ameaça conquistas obtidas durante o governo Lula, como o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa Nacional de Alimentação escolar. “Nós todos dos movimentos sociais não descansaremos um minuto enquanto não derrubarmos esse governo golpista do Temer”, disse Stédile.
Lula seguiu elogiando a força do trabalhador quando se une: “Ele não querem que o povo mais pobre desse país aprenda a decidir politicamente nas eleições. Eles estavam acostumados a que a gente só batesse palmas para eles. O que eles não imaginavam é que existiria um movimento tão forte com o MST; e jamais imaginaram que um trabalhador chegasse a presidência da República para fazer em oito anos o que eles não fizeram em 500. É a única explicação que eu tenho para o ódio deles”.