Ex-presidente da Coaf se recusa a depor na CPI da Merenda
O ex-presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), Cássio Chebabi, se recusou a depor na CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo nesta quarta-feira (24). Chebabi era um dos depoimentos mais esperados pela comissão, por ter sido delator na Operação Alba Branca, que apura o pagamento de propina da cooperativa em troca de contratos superfaturados de merenda escolar.
Publicado 25/08/2016 15:16
Após ser preso em janeiro deste ano, Chebabi apontou, em depoimento ao Ministério Público, o presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB) e o ex-secretário estadual de Transportes Duarte Nogueira, como beneficiários da propina paga pela Coaf. O advogado de Chebabi, Ralph Tortima, justificou o silêncio, dizendo que seu cliente não poderia falar sobre o caso porque tem um acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual.
O silêncio de Chebabi revoltou os deputados. Ele saiu sob vaias dos estudantes e escoltado pela Polícia Militar. O presidente da União Paulistas dos Estudantes (Upes), Emerson Santos, afirmou que a postura demonstra um desrespeito com as investigações. "Foi muito frustrante. Se ele está se silenciando é por que tem algo a temer."
Nilson Fernandes, atual presidente da Coaf, também depôs nesta quarta-feira (24). De acordo com o deputado Alencar Santana Braga (PT), integrante da CPI, Fernandes contribuiu com a quebra de sigilo bancário da cooperativa, além de confirmar que os agricultores familiares foram vítimas do esquema de corrupção. "Ele disponibilizou o sigilo bancário, fiscal e telefônico da Coaf e do pessoal para a CPI ter acesso. Isso é fundamental porque, na semana passada, um de seus membros disse que após o Estado pagar, a comissão era distribuída. Então, ter acesso ao sigilo bancário ajuda nesses dados."
Segundo Alencar, há uma pressão do governo estadual sobre as testemunhas para confirmar a tese de que apenas a Coaf foi corrupta. "O governo Alckmin está tentando criminalizar a Coaf, como se ela fosse a única culpada. Os membros da cooperativa são culpados, mas em depoimentos anteriores está claro que, sem a intervenção de agentes públicos, essas irregularidades não aconteceriam. O governo quer ser a vítima, a estratégia do Alckmin é dizer que seu governo nunca é culpado. O Nilson disse que havia uma combinação de orçamentos para se ganhar o processo licitatório, então, se havia prévia, havia participação de agente público."
Também ontem a CPI aprovou um requerimento para fazer diligências para que os deputados da comissão possam ir até Bebedouro, interior de São Paulo, para ter acesso a mais informações e colher novos depoimentos.