Brasil, campeão olímpico de futebol
O começo da campanha brasileira nos Jogos Olímpicos anunciavam que a seleção teria muitas dificuldades para chegar ao título.
Por Thiago Cassis*
Publicado 21/08/2016 11:11
Os dois primeiros jogos com empates sem gols contra a África do Sul e contra o Iraque fez com que a seleção sofresse duras críticas da imprensa. Na terceira rodada o Brasil entrou em campo contra a Dinamarca precisando vencer ou vencer. E foi aí que os talentos individuais surgiram e com gols de Gabriel (2), Gabriel Jesus e Luan, o Brasil goleou a Dinamarca por 4 a 0 e avançou para às quartas. A goleada trouxe alguma tranquilidade para jovem elenco brasileiro.
Pela frente a mesma Colômbia das quartas de final da Copa do Mundo de 2014. Com a mesma violência. Em um jogo com muitas entradas duras, a seleção venceu por 2 a 0 com gols de Neymar e Luan e se garantiu entre os quatro melhores. Na semifinal a apenas esforçada seleção de Honduras não foi páreo para a seleção canarinho: 6 a 0 Brasil.
Na final a seleção brasileira teria pela frente o trauma do Mundial de 2014. A seleção da Alemanha. Todos se lembram dos 7 a 1, e certamente nos lembraremos por muito tempo ainda. O Maracanã lotado viu Neymar abrir o placar em bela cobrança de falta na primeira etapa e aos 14 do segundo tempo assistiu Meyer deixar tudo igual. Daí pra frente a seleção brasileira foi tomada pelo nervosismo e não criou muitas chances de gol. Sorte que os alemães também não. Na cabeça dos brasileiros pesava o fato de nunca ter ganho uma medalha de ouro em Jogos Olímpicos e, claro, os 7 a 1.
Depois de uma prorrogação sem gols, os pênaltis. Foi a vez de Weverton aparecer e defender a cobrança de Petersen e deixar o título nos pés de Neymar, o ex-jogador do Santos bateu bem e garantiu o ouro para o Brasil. Uma medalha suada. De seleção desacreditada após os primeiros empates a equipe passou para a história com uma conquista inédita.
Não foi uma vingança em cima dos alemães, tampouco foi uma vitória que livra o nosso futebol das mazelas de seus dirigentes. Mas ao menos foi uma vitória que devolve ao torcedor brasileiro o prazer de torcer pela seleção. Uma nova geração de atletas, muitos deles ainda atuando pelo futebol do Brasil, começa a desenhar uma outra relação entre os brasileiros e sua seleção. Tite assumirá em um ambiente muito melhor do que quando Dunga caiu.
Mas essa medalha histórica, e que deve sim ser comemorada, não pode nos iludir. A limpeza na CBF ainda nem começou e o "7 a 1" ainda é um fantasma a ser batido.
*Thiago Cassis é jornalista e coordenador do Coletivo Futebol, Mídia e Democracia do Barão de Itararé