Dilma: Não há saída, pacto democrático só com voto popular
Em coletiva de imprensa a agências internacionais, a presidenta Dilma Rousseff reafirmou que o processo de impeachment em andamento no Senado é um golpe contra o seu mandato porque não cometeu crime e confirmou que, apesar de considerar o processo um fraude, vai participar de todas as etapas e oportunidades para debater, justamente para denunciar e defender a democracia.
Publicado 18/08/2016 16:00
“Seria um equívoco monumental entregar a democracia como campo de debate para outro, para os golpistas”, salientou Dilma. “Supor que eu não possa ir, que eu não possa falar e dar a eles o monopólio dos espaços democráticos? A troco de que eu vou fazer isso?”, completou.
Na entrevista, Dilma fez uma autocrítica sobre seu mandato, citando dois exemplos do que classifica como erros. “O político é que visivelmente eu errei na escolha do meu vice-presidente… isso é óbvio.E acho que todo o processo que fizemos de redução de imposto beneficiando o setor empresarial não resultou em ganhos para o conjunto da economia”, disse.
A presidenta frisou que o golpe em curso é distinto de um golpe militar como o ocorrido em 1964. Ela fez uma analogia comparando a democracia a uma árvore. “No caso deste aqui, que a literatura chama de golpe parlamentar, não é como um machado que corta a árvore da democracia”, disse. “É como se parasitas e fungos a infestassem.”
Dilma afirmou que, caso o desfecho do impeachment seja pela “condenação de um inocente”, servirá para levar ao poder, por eleição indireta, “um programa que não passaria pelas urnas”.
“Não tem como… se quiserem pacto democrático, ele é baseado no voto popular”, afirmou Dilma, rebatendo a tese do presidente provisório, Michel Temer (PMDB), de promover um “pacto nacional” a partir do golpe. Para Dilma, “não é possível tapar o sol com a peneira” sobre a situação política do país, razão pela qual defende a realização de um plebiscito sobre a antecipação das eleições e sobre uma ampla reforma política.
Sobre o inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com base no grampo telefônico entre ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma afirmou que em “nenhum país do mundo” pode-se gravar um presidente da República sem autorização.
“Eu vou me defender”, enfatizou, salientando que a versão de obstrução da Justiça não tem fundamento, pois caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhasse o status de ministro não deixaria de ser investigado, uma vez que estaria sujeito ao STF.