José Teixeira: 12 momentos do jornalismo "sóbrio" nos Jogos Olímpicos

O jornalista José Luiz Teixeira faz um levantamento de doze momentos curiosos ou constrangedores, por assim dizer, do jornalismo que se pratica nos oligopólios de comunicação brasileiros durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Galvão Bueno, em transmissão do campeonato fluminense de futebol em Volta Redonda

Confira:

Momento 1: Na abertura, Galvão Bueno anuncia as vaias para o interino golpista. Vaias e alguns aplausos. Não, pera. Vaias e aplausos. Se Temer falasse um pouquinho mais, Galvão chegaria a poucas vaias e muitos aplausos.

Momento 2: Ana Paula Padrão, na Band, cisma com a Coreia do Norte. Como não viu a delegação norte-coreana desfilar antes da Coreia do Sul, por ordem alfabética, deduziu que os seus atletas ficaram presos no hotel sendo açoitados pelos maquiavélicos comunistas. Só que não. A República Popular Democrática da Coreia, nome oficial, entrou quase no fim, na sequência de países com a letra R.

Momento 3: repórter do SporTV entrevista Daniele Hypolito após disputa por equipes e começa a entrevista falando da queda na ginástica de solo. Mas a ginasta reage: “Em vez de ressaltarem as coisas boas, vocês falam logo da queda…por que não fala da trave onde tive bom desempenho?"

Momento 4: o ex-judoca Flávio Canto, apresentador do programa Balada Olímpica, chora, ao vivo e em cores, ao comentar a conquista do ouro pela judoca Rafaela Silva.

Momento 5: Comentarista da BBC manda Galvão Bueno calar a boca, pois está atrapalhando a largada da natação. Mas Galvão não para. E berra no instante em que Michael Phelps ganha mais um ouro. Ainda bem que o nadador americano não tem a letra R no nome…

Momento 6: terminada a prova dos 50 metros, repórter do SporTV pergunta ao nadador brasileiro Bruno Fratus se está chateado com o resultado. "Não, Tô felizaço. Fiquei em sexto, né?"

Momento 7: Diego Hypolito leva medalha de prata e Glenda Koslowski berra, desafina e…chora! Ganhou o prêmio Galvão Bueno de histrionismo na categoria individual.

Momento 8: Numa mesa redonda do SporTV, surge um intenso debate a respeito do comentário negativo do New York Times, que classificou o biscoito de polvilho Globo, famoso no Rio de Janeiro, como "sem gosto". Os jornalistas, indignados, rebatem, falando mal do donuts,"aquela bomba calórica!" Afinal, quem é o New York Times na fila do pão ou do biscoito?

Momento 9: Usain Bolt vence os 100 metros rasos. E começa a tietagem da Globo, como se não existissem outros competidores. Só alguns minutos depois ficamos sabendo quem ficou em segundo e em terceiro. Em seguida, um repórter entrevista Bolt e pergunta em inglês: estava motivado hoje? Resposta: eu sempre estou motivado…

Momento 10: a dupla Alysson/Schmidt vence e avança para os semifinais. Locutor animado do SporTV entrevista papai de Schmidt (dei conselhos a ele). Logo depois entrevista Tadeu Schmidt, tio famoso do atleta, que não se controla e…chora!

Momento 11: logo após a vitória do saltador Thiago Braz, o narrador Milton Leite solta um PQP, provavelmente direcionado a alguém da equipe do SporTV: "tô falando, puta que pariu". Que fase, hein?

Momento 12: mico internacional. Técnico do saltador francês fala que o Brasil é um país estranho, pois Thiago Braz conseguiu juntar forças para superar seu adversário, mas o jornal Le Monde inventou que Thiago se valeu de forças místicas para vencer, fazendo menção ao candomblé.