Racha golpista: Tucanos bicam e Moreira Franco ameaça arrancar penas
A união por conveniência para golpear a democracia brasileira não passou de uma rápida lua de mel e a disputa pelo poder entre tucanos e peemedebistas saiu dos bastidores para ganhar as páginas da grande mídia. Com a proximidade das eleições municipais, a crise demonstra que o ninho tucano montado junto com PMDB se desfaz.
Por Dayane Santos
Publicado 16/08/2016 17:46

O centro da crise está na questão econômica, ou melhor, o arrocho que les chamam de "ajuste fical". O braço direito de Michel Temer e um dos articuladores do golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, o secretário Moreira Franco, em entrevista ao Estadão, ao rebater as críticas dos tucanos quanto ao que chamam de “recuo” de Temer em medidas do ajuste fiscal. Isso porque o PSDB acha que Temer cortou pouco o orçamento público.
Além da economia, os tucanos também criticaram um suposto plano da cúpula peemedebista que ocupa o Planalto de lançar Henrique Meirelles candidato em 2018.
Como em ninho golpista, ninguém confia em ninguém, o senador Aécio Neves, candidato derrotado nas urnas em 2014, se viu diante de mais um adversário-amigo para melar a sua já enfraquecida pré-candidatura (entre os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin pleiteiam a vaga), e resolveu sair para o ataque em artigo publicado nesta segunda-feira (15), na Folha de S. Paulo.
Moreira não gostou e disse que as reações tucanas são “manipulações eleitorais”.
“A experiência mostra que não é recomendável transformar o ministro da economia em vítima de manipulação eleitoral”, disse ele. “Diante da gravidade da situação, é muito pouco recomendável qualquer tentativa de enfraquecimento do ministro Meirelles”, completou.
Mas a encrenca do gabinete dos sem voto não fica por aí. Repetindo o coro de alguns setores do mercado financeiro, o PSDB e outros aliados peemedebistas reclamam do “protagonismo” de Meirelles. Para eles, o ministro tem muito destaque, e Temer e demais ministros da cúpula ficam em segundo plano.
Vale lembrar que essa tese, que também ganhou espaço na grande mídia, é completamente diferente do discurso que tinham antes do afastamento da presidenta Dilma. Demonstrando o seu sexismo e misoginia, a imprensa e a direita repetia diuturnamente que a presidenta queriam mandar demais e não deixava o ministro da Fazenda atuar.
Agora, os golpistas afirmam que o protagonismo do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, põe em risco a governabilidade de Temer. Segundo fontes da grande imprensa, Temer age como Temer: para tentar manter a sobrevivência de seu governo provisório diz a Meirelles que a sua palavra será a final, mas, nos corredores da equipe econômica, o interino dá sinais de fazer jogo duplo, dando suporte para o ministro-chefe da Casa Civil e um de seus braços do governo, Eliseu Padilha, conter a escalada de Meirelles.
É nesse clima de desconfiança mútua que o PMDB e o PSDB vão encarar as eleições municipais. O resultado é que em apenas quatro das 26 capitais (Manaus, Florianópolis, Teresina e Vitória) terão candidatos de um partido com vice do outro.
"As relações não se dão de maneira tão direta e retilínea", explicou Moreira Franco.