Temer quer entregar Previdência ao sistema financeiro, denuncia Paim
Durante audiência pública em Goiânia (GO), sobre as reformas previdenciária e trabalhista e do trabalho escravo, o senador Paulo Paim (PT-RS) denunciou as reais intenções do governo golpista. Em entrevista à Rede CUT de Comunicação sobre o tema, o parlamentar afirmou que “querem praticamente privatizar a Previdência, entregá-la nas mãos do sistema financeiro, a chamada previdência privada, e começaram com terrorismo prá cima do trabalhador.”
Publicado 15/08/2016 12:05
Leia a íntegra:
Rede CUT de Comunicação: Senador, há mais de 70 projetos de lei tramitando no Congresso Nacional que atacam diretamente as conquistas da classe trabalhadora. O que podemos esperar desse momento político?
Paulo Paim: Bomba! Desse governo interino, provisório e prá mim ilegítimo, não dá para esperar outra coisa. Eles estão pagando a conta pra quem financiou o golpe.
De todos esses projetos um em especial vem tirando o sono dos(as) trabalhadores(as), que é a reforma da Previdência. Como o senhor avalia a proposta do governo interino?
Querem praticamente privatizar a Previdência, entregá-la nas mãos do sistema financeiro, a chamada previdência privada, e começaram com terrorismo prá cima do trabalhador. Se o cidadão só poderá se aposentar com 65 anos, aquele que começou a trabalhar com 18 anos, terá de pagar 47 anos de contribuição. Se com 16, serão quase 50 anos de contribuição, enquanto hoje a mulher se aposenta com 30 anos de contribuição e o homem com 35 anos. Vão ter que pagar 20 anos a mais. É um absurdo! Além disso querem tirar a reposição da inflação, uma conquista dos movimentos sociais, junto com Lula e Dilma. Outro ponto que nos preocupa muito é que acabaram com o Ministério da Previdência. Ele não existe mais! E lançaram uma Medida Provisória, que já tem força de lei, que visa caçar a aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença, onde em 120 dias é cortado o benefício, esteja ou não doente.
Isso mostra as ações de pura maldade que conseguiram fazer contra o nosso povo nesses últimos três meses. Por isso estamos fazendo estas audiências públicas em todos os Estados – já estamos no segundo roteiro – debatendo, mobilizando e mostrando que precisamos ir pra cima desse Congresso e desse governo.
O senhor é senador da República. Como avalia esse Congresso?
Esse Congresso pra mim é o pior de todos os tempos – e olha que eu estou lá há 30 anos. De forma oportunista, numa maioria eventual, de uma forma totalmente ilegal, visto que não há crime de responsabilidade, está querendo cassar o mandato de uma presidenta eleita com 54 milhões de votos.
O senhor é relator de duas matérias polêmicas no Senado, a terceirização sem limites e a PEC do trabalho escravo. Qual a sua posição?
Eles sabem que se depender de mim não tem essa de querer legalizar trabalho escravo. Temos é que proibir e é assim que vou pautar o meu parecer e a minha intervenção. Serviço degradante, jornada exaustiva não pode ser mudado. E se encontrarmos algum trabalhador em regime de escravidão, tem que perder a propriedade. Quanto à terceirização sem limites, eu espero que não passe. O meu parecer será contra o projeto, que decretaria o fim das entidades sindicais, a quebra a Previdência e joga os trabalhadores num regime de semiescravidão. Está comprovado que onde tem mais mortes e acidentes no trabalho e mais ações na Justiça é justamente nas empresas terceirizadas e o trabalhador ganha praticamente a metade do salário. Isso é precarização do trabalho e não podemos deixar passar.