Muçulmana ganha bronze e dá recado a Donald Trump
A americana Ibtihaj Muhammad foi a primeira atleta do país em uma edição dos Jogos Olímpicos a ganhar uma medalha vestindo o hijab, vestimenta tradicional muçulmana. Ela vive na pele a xenofobia e aproveitou a conquista da medalha de bronze para criticar o candidato republicano Donald Trump, notório pela discriminação contra migrantes.
Publicado 15/08/2016 20:01
Ela aproveitou seu feito nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro para se pronunciar em relação a algo mais importante na vida dos americanos, as eleições de novembro, que escolherão o próximo presidente – ou presidenta – do país.
"Queria mostrar a comunidade muçulmana por uma perspectiva positiva, em confronto com os sentimentos negativos que pessoas têm a respeito dos muçulmanos. Queria que as pessoas vissem desta maneira, comigo no pódio, representando os Estados Unidos. Queria as que pessoas enxergassem essa parte da história", afirmou a atleta a meios de comunicação após a sua premiação.
A esgrimista compete desde criança, e só se tornou esgrimista justamente por causa das vestimentas, que são mais "adequadas" para a prática do esporte sendo ela uma muçulmana.
Segundo ela, a esgrima era um esporte que não faria com que ela não precisasse se trocar. "Respeitava os preceitos da minha fé", descreveu.
É evidente que uma atleta muçulmana, competindo por um país que demonstra forte xenofobia contra os praticantes desta religião, chamaria a atenção. E também faria com que ela tivesse um posicionamento político que, de antemão, é contrário a qualquer discriminação.
"Toda vez que você tem um candidato a presidente que usa sua plataforma para provocar divisão na sociedade, para nos dividir como americanos, pode ser prejudicial", diz ela sobre o magnata americano Donald Trump, candidato do Partido Republicano e que faz da xenofobia uma das suas bandeiras de campanha.
Ela se posiciona com firmeza para rebater as ideias de Trump em relação à comunidade islâmica, por exemplo. Ele já manifestou em diferentes ocasiões deste ano que pretende barrar a entrada de muçulmanos no país, usando como pretexto o "combate ao terrorismo" dentro das fronteiras americanas.
"Vemos isso nos últimos meses aumentar os crimes de ódio e a intolerância. Vejo como isso mudou o jeito como as pessoas falam comigo por meio das mídias sociais. Precisamos começar um diálogo sobre os prejuízos de termos um discurso de ódio e ver a quem isso afeta. Precisamos fazer isso nessas eleições, rapidamente", opinou a esgrimista.