Presos manifestantes que protestavam contra a Vale em Baixo Guandu/ES
No último dia 15 de julho, por volta das 22h, os militantes da Frente Brasil Popular, Mikail Coser e Lívia Godinho foram presos enquanto acompanhavam o fechamento da rodovia BR-259, ação coordenada pelo movimento de Atingidos por Barragem ( MAB), que na altura da comunidade de Mascarenhas – Distrito de Baixo Guandu, contava com a participação de cerca de 100 famílias de comunidades atingidas naquela região do estado, junto à ferrovia da empresa Vale-BHP Billiton .
Publicado 24/07/2016 08:45 | Editado 04/03/2020 16:42
Fernanda Tardin
“Vidro moído ou areia/No café da manhã /E um sorriso nos lábios… O sangue, o roubo, a morte Um negro em cada jornal/ E um sorriso nos lábios… Mas sonha que passa/Ou toma cachaça Agüenta firme, irmão… Ou então acha graça…”
No último dia 15 de julho, por volta das 22h, os militantes da Frente Brasil Popular, Mikail Coser e Lívia Godinho foram presos enquanto acompanhavam o fechamento da rodovia BR-259, ação coordenada pelo movimento de Atingidos por Barragem ( MAB), que na altura da comunidade de Mascarenhas – Distrito de Baixo Guandu, contava com a participação de cerca de 100 famílias de comunidades atingidas naquela região do estado, junto à ferrovia da empresa Vale-BHP Billiton .
A Ação tinha por finalidade conseguirem que o Estado e a empresa responsável pelas tragédias ao menos cadastrem devidamente e reconheçam a situação de vítimas dessas populações – como passo indispensável para possibilitar indenizações e destinação de recursos públicos, para socorro da situação lastimável e de abandono em que o governo e as empresas SAMARCO-Vale-BHP Billiton tem deixado a estas famílias, vítimas do crime ocorrido em novembro de 2015 .
A Prisão ocorreu menos de 40 minutos após o inicio da manifestação, por políciais militares lotados naquele municipio.Levado para Colatina, num camburão junto a outros presos, Mikail Coser foi liberado já próximo às 4 horas da madrugada do dia seguinte sem ser submetido a exame de lesão e corpo de delito , depois de ter recebido cópia de um "Termo de Liberação e Compromisso (TC)", no qual ficou registrado o fato da "liminar" apresentada pelos policiais estar vencida, e que assinou com o Delegado de Polícia Adriano Scardua e com o Escrivão "Ad Hoc" Fillype Siqueira, intimado a comparecer a Delegacia de Polícia de Baixo Guandu no dia 21 de julho, às 14:00h. e "quando intimado", no Juizado Especial Criminal da Comarca de Baixo Guandu.
O Prefeito Camarada
21 de julho – NETO BARROS, que é prefeito de Baixo Guandu, acompanha a vítima a Delegacia para prestar depoimento. Barros é conhecido como o gestor que luta para que as vítimas do crime VALE/SAMARCO/BHP obtenham justiça.
No depoimento, Mikail narra ‘um grande aparato de policiais militares do município de Baixo Guandu-ES foi ao encontro dos manifestantes, determinando sua saída imediata da ferrovia, "sob pena de cumprimento, em 5 minutos, de liminar judicial", conforme anunciaram os policiais.’ ‘Ocorre que ao pedir a leitura da anunciada liminar que respaldaria a ordem policial, constatei e informei aos policiais sobre a invalidade de tal liminar, por ser datada de 15 de maio de 2016, com prazo de validade expresso de 30 dias (inválida, portanto, há trinta dias), após o que, conforme fartamente testemunhado, quando, de forma truculenta, ilegal, recebi uma paulada nas costas, desferida por um dos policiais militares com um cassetete de madeira, levando-me a correr a fim de evitar o início de um espancamento, o que ocorreu, para os fundos da casa de pessoa conhecida aonde estava hospedado, numa tentativa de proteger-me’. Foi uma tentativa frustada, pois militares invadiram o domicílio gritando :"você está preso", puxaram meu cabelo, recebi pauladas em meu joelho e vociferavam afirmativas de que sou um "petista" e "comunista", Sendo retirado do quintal, os absurdos aumentaram com a participação de seguranças privados a serviço da empresa SAMARCO também desferindo agressões físicas contramim, enquanto policiais militares puxavam minha cabeça para trás.
…”É tão pouca a desgraça/Mas no fim do mês/Lembra de pagar a prestação Desse sorriso nos lábios, é …Desse sorriso nos lábios, pois é…”
‘Fui algemado no cofre de uma viatura policial, como se fosse um criminoso, anunciaram que não poderiam prender uma pessoa só e escolheram um homem que se encontrava em um bar próximo, afirmando que ele seria preso também, porque teria ameaçado "tacar fogo na linha férrea", algemando-o e jogando-o também no cofre da viatura. Lívia Godinho foi impedida de me acompanhar na viatura, e ao informar que então seguiria atrás de carro, ouviu um dos policiais afirmar ao outro que então ele estava "liberado" para seguir devagar até a delegacia de Colatina, pois não haveria delegado na Delegacia de Polícia Civil de Baixo Guandu naquela data…Permaneci por cerca de cinco horas, todo o tempo algemado, sendo que todos os acompanhantes que seguiram a viatura foram obrigados, a esperarem do lado de fora "para segurança da Delegacia", sob a explicação de que eu demoraria muito tempo lá dentro e só seria liberado na manhã seguinte.
‘O outro homem preso, afirmou no trajeto até a Delegacia de Colatina que era o coveiro de Baixo Guandu e que só estaria sendo preso por ser amigo "do Neto Barros", prefeito daquela cidade.’
“Desse sorriso nos lábios, é …Desse sorriso nos lábios, pois é…’
Com informações de Ênio Chaves Reis, (PCML) , militante da FBPES, artigo de *Fernanda Tardin, dirigente Estadual e secretaria de Movimentos Sociais do PCdoBES, Presidenta da CALLES – Casa América Latina Liberdade e Solidariedade e membro da FBP ES