Escracho na OAB/SC contra a retirada de direitos trabalhistas
Na noite da última terça-feira (19 de julho), quase 100 manifestantes se reuniram em frente à sede da OAB/SC para fazer um escracho durante a audiência pública sobre a "flexibilização" dos direitos trabalhistas. Fantasiados de Michel Temer, Justiça Cega, Tio Sam e TV Globo, os manifestantes reafirmaram a luta contra a retirada dos direitos conquistados pela classe trabalhadora.
Publicado 20/07/2016 21:54 | Editado 04/03/2020 17:13
Depois de uma intervenção artística que denunciou e criticou as propostas do governo golpista para mudanças na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), os manifestantes entraram na plenária para participar do debate com advogados, juízes e representantes da CUT-SC, dos Sindicatos e da Fiesc.
Durante toda a audiência, os manifestantes marcaram posição em defesa dos trabalhadores e seguraram cartazes pedindo "Fora Temer" e a garantia dos direitos trabalhistas conquistados ao longo das últimas décadas.
Carlos Alberto Castro, juiz da 7ª Vara do Trabalho de Florianópolis, criticou as propostas de flexibilização dos direitos trabalhistas, principalmente com relação ao aumento da carga horária. "O direito do trabalho veio para defender o direito ao não trabalho. Me preocupa falar em flexibilizar direitos trabalhistas enquanto temos trabalho escravo no país", afirmou, antes de criticar a proposta de reforma da Previdência. "É muito fácil falar em tirar [dinheiro] da Previdência, quando muita gente sonega bilhões. Acredito que não devemos pagar o pato, nem outra ave", disse Carlos Castro em referência à notícia recente de que um diretor da Fiesp tem dívida tributária com a União na ordem de R$ 6,9 bilhões.
Ao tomar a palavra, a representante da Fiesc foi duramente vaiada ao falar que "as leis trabalhistas não acompanharam a modernidade do mundo". A plateia caiu na risada e, de costas, bradou que "a crise é dos ricos, o pobre só se f…, e que no poder só tem playboy". Em seguida, Suzan Villig, advogada sindical afirmou que "a retirada de direitos trabalhistas é a retirada de direitos sociais". "Os direitos trabalhistas foram conquistados com muito sangue e suor, não podemos retroceder", completou.
Anna Julia Rodrigues, presidenta da CUT-SC, disse que é lamentável discutir o "projeto de retirada dos direitos que os golpistas querem impor ao país". "Deveríamos estar discutindo a ampliação dos direitos. Esse governo não recebeu 54 milhões de votos, não tem legitimidade. Fora Temer!", bradou Anna Julia. "Não vamos aceitar qualquer redução dos direitos dos trabalhadores. Eles que se preparem para os enfrentamentos que vamos fazer", reiterou Francisco Alano, dirigente da Fecesc (Federação dos Trabalhadores no Comércio no Estado de Santa Catarina).
Presidente da Comissão de Trabalho da OAB/SC, Ramon Roberto Carmes encerrou o debate parafraseando o filósofo grego Ésquilo. "Na guerra, a primeira vítima é a verdade. Na crise econômica, a primeira vítima é o trabalhador. Suprimir o direito do trabalhador é sufocar toda a sociedade brasileira", disse.