Dilma: "É preciso interromper o controle de Cunha sobre a Câmara"
A presidente Dilma Rousseff espera que a influência exercida pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre os deputados chegue ao fim com a eleição de um novo presidente para a Casa, na tarde desta quarta-feira (13).
Publicado 13/07/2016 13:36
"Temos de interromper este processo (de controle de Cunha sobre os deputados). O primeiro passo é o que hoje estamos vendo na Câmara, com grande quantidade de candidaturas", disse Dilma em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais. A eleição à presidência da Câmara encerrou as inscrições com 17 candidatos.
No início da semana parlamentares petistas trabalhavam para que o partido apoiasse a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ), apesar de ele ter sido um dos líderes do processo de impeachment e contar com o apoio do PSDB. No momento, porém, o PT voltou seu apoio à candidatura de Marcelo Castro (PMDB-PB), que foi ministro da Saúde no governo Dilma e votou contra o impeachment. Já o "Centrão", bloco formado em grande parte por aliados de Cunha, apoia a candidatura de Rogério Rosso (PSD-DF).
"Para um eventual segundo turno, espero que vença o candidato que tenha mais idoneidade e espero também que seja alguém que não tenha votado pelo impeachment", destacou Dilma. Na entrevista, ela voltou a dizer que é vítima de uma injustiça e afirmou acreditar que poderá reverter a decisão no Senado sobre o impeachment. "Eu só serei carta fora do baralho em 1º de janeiro de 2019, quando termina o meu mandato", afirmou.
A presidente voltou a criticar a política econômica do presidente interino, Michel Temer. "Algumas das medidas deste governo interino são mera continuidade do que estávamos fazendo. Outras, no entanto, ferem os direitos coletivos e individuais. É absurdo pensar que os ajustes necessários para recompor o equilíbrio fiscal atinjam um dos setores que são o coração de toda a sociedade, que é a educação", observou.
Ela disse que, caso retorne ao poder, não promoverá perseguições ao ex-aliado. "Mas quando eu voltar à Presidência, eu não tenho vontade de vingança pessoal nem de retaliação. Eu simplesmente não pretendo encontrá-lo (referindo-se a Temer), porque não teria o que dialogar, o que trocar", assegurou.