Bernie Sanders defende o fim dos acordos de livre comércio
O pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Bernie Sanders, fez uma análise da economia globalizada para o jornal americano The New York Times e concluiu que as políticas econômicas dos países desenvolvidos estão atingindo duramente as pessoas mais pobres do mundo. Entre outras coisas, defendeu o fim do Nafta (acordo entre os três países da América do Norte) e do Transpacífico.
Publicado 05/07/2016 17:34
“Essa economia cada vez mais globalizada, estabelecida e mantida pela elite econômica do mundo, está atacando as pessoas em todas as partes. Por mais incrível que pareça, as 62 pessoas mais ricas do planeta têm tanta riqueza quanto a metade mais pobre da população mundial, cerca de 3 bilhões de pessoas.
O 1% agora possui mais riqueza que o resto do 99%. Os muito, muito ricos desfrutam de luxos inimagináveis, enquanto milhões de pessoas sofrem a pobreza extrema, o desemprego, não têm acesso à educação, à moradia, à água potável e à segurança social adequada", disse, em coluna de opinião assinada por ele no jornal nova-iorquino.
Realidade econômica dos EUA
O senador de Vermont comentou sobre a atual situação econômica dos Estados Unidos, a primeira economia mundial. “Nos últimos 15 anos, cerca de 600.000 fábricas fecharam no país e mais de 4,8 milões de postos de trabalho indústrias desapareceram. Grande parte deste problema está relacionado com acordos comerciais desastrosos que fazem com que as empresas mudem suas fábricas para países que pagam salários mais baixos. Apesar do grande aumento na produtividade, a média dos homens trabalhadores nos Estados Unidos ganha hoje US$ 726 menos que em 1973, enquanto que a média das mulheres trabalhadoras recebe US$ 1.154 menos que em 2007, depois de ajustada a inflação”.
Pobreza e qualidade de vida
Sanders falou também sobre a pobreza e a qualidade de vida da maioria dos americanos. “Cerca de 47 milhões de estadunidenses vivem na pobreza. Uns 28 milhões não têm planos de saúde e muitos outros têm péssimos planos. Milhões de pessoas estão lutando com níveis escandalosos de dívida com universidades e centro educacionais.
Talvez, pela primeira vez na história moderna, nossa geração mais jovem terá um padrão de vida pior que o de seus pais. Ainda mais alarmante: milhões de estadunidenses com uma educação ruim terão uma esperança de vida pior que a geração anterior, e sucumbirão para o desespero, o álcool e as drogas".
“Falemos claramente: a economia global não está funcionando para a maioria das pessoas nem em país e nem no mundo. Este é um modelo econômico que a elite econômica desenvolveu para beneficiar a si própria", afirmou.
Que diz sobre Trump?
Sanders advertiu que o virtual candidato republicano, Donald Trump, pode aproveitar-se do falso argumento que os cidadãos usam para culpar os estrangeiros de seus infortúnios, do mal rumo da economia, o mesmo sentimento que levou o Reino Unido a votar pela saída da União Europeia.
"A noção de que Donald Trump pode beneficiar-se das mesmas forças que deram aos partidários da saída a maioria no Reino Unido deve fazer soar o alarme no Partido Democrata", continua.
"Estamos diante de um momento chave, onde o Partido Democrata e o novo presidente democrata precisam deixar claro que apoiamos os que estão lutando. Devemos criar economias nacionais e globais que funcionem para todos, não só para um punhado de bilionários", disse.
Sanders pede também um comércio justo. Ele adverte, nesse sentido, contra o isolamento comercial defendido por Trump, e vai contra acordos comerciais como o Nafta (entre EUA, Canadá e México).
"Necessitamos fundamentalmente repudiar os acordos de livre comércio e trocá-los por políticas de comércio justas. Os americanos não deveriam competir contra trabalhadores de baixos salários. É preciso acabar com o acordo Transpacífico. Devemos ajudar os países a desenvolver modelos econômicos justos", finaliza o pré-candidato.