Publicado 17/06/2016 09:23 | Editado 04/03/2020 17:06
A corrupção no Brasil (e em todo mundo) é sistêmica – os eleitores trocam votos por "favores", e para entregarem favores, políticos precisam de recursos para campanha, e buscam em empresas que por sua vez aumentam os contratos para manter propinas, os quais os eleitores pagam através de impostos. Sem quebrar esse círculo vicioso nada será resolvido.
E assim seguimos com mais uma passagem dantesca na história política do Brasil e poderão vir outras delações configurando um circo de horrores. O povo assistindo estarrecido sem poder alterar o roteiro. Entretanto, além das cenas chocantes e espetaculosas, o cerne do problema não está sendo discutido – o sistema político brasileiro – por um motivo muito simples, os políticos eleitos com recursos ilícitos e sob compromissos escusos querem a manutenção deste sistema.
Nada adianta convocar novas eleições mantendo a legislação eleitoral e os esquemas de corrupção. Não acreditemos que a prisão de dezenas ou até centenas de políticos e empresários extirpará a rede de corrupção instalada em todos os segmentos do poder político.
Mas o que fazer? Reforma Política. Nunca devemos esquecer que há um ano essa agenda foi votada no Congresso e pouco foi alterado. Eduardo Cunha, em vias de ser preso, comandava a Câmara e conseguiu aprovar sem dificuldades a legalização das doações de empresas para as campanhas eleitorais. Em 26 de maio de 2015, a Câmara rejeitou a inclusão do financiamento empresarial de campanha na Constituição, mas no dia seguinte Eduardo Cunha organizou uma manobra e aprovou, por 330 votos a 141, uma emenda aglutinativa que permite que partidos, e não candidatos, recebam doações de empresas nas eleições.
Esse é o país que deixaremos para nossos filhos e netos?
*Guttenberg Martins é geólogo, doutor em Geociências, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e dirigente do ADURN-Sindicato