Andrey Lemos: A educação e legislação negligenciam a população LGBT
Um atirador homofóbico, dezenas de vítimas e feridos em uma boate nos EUA e a asenção cada vez maior do fundamentalismo. O presidente da União Nacional LGBT (UNALGBT) Andrey Lemos, considera que, mesmo no século 21, o mundo ainda está no armário e a população LGBT enfrenta imensos desafios para conquistar o respeito à diversidade.
Por Laís Gouveia
Publicado 14/06/2016 13:38

Andrey é categórico ao afirmar que grupos políticos de extrema direita inspiraram a opinião pública de forma irresponsável, criando uma legião de grupos "LBGTfóbicos" "Trump e Bolsonaro são políticos tradicionais e fundamentalistas, radicalizam posicionamentos que influenciam o ódio e a intolerância, fazem a defesa do desenvolvimento econômico sem nenhum compromisso com a sustentabilidade do meio ambiente e das diversidades, não apresentam ideais avançados que promovam o respeito e a cidadania das pessoas excluídas e discriminadas, buscam o poder para fortalecer sua visão estreita e fundamentalista de mundo. Eles atraem as pessoas mais atrasadas, incentivam a xenofobia, colaboram com os machismos, racismos e lgbtfobias", denuncia.
E continua "o mundo ainda está no armário, temos muitos países que tratam as sexualidades como tabus, pecados, crimes, perversão e doenças, os direitos humanos sexuais avançaram muito pouco, a população LGBT ainda não consegue empoderar seus pares de modo que possamos ver representadas as pessoas LGBT em parlamentos, altos cargos no executivo e no judiciário, a imprensa, educação e legislação ainda negligenciam os direitos dessas pessoas e colaboram com a discriminação reforçando estigmas e preconceitos".
"A luta LGBT precisa ser transversal"
O presidente da UNA considera que o caminho pela igualdade de direitos é árdua e fundamental para o progresso do mundo, "lamentavelmente temos muito a caminhar, a luta LGBT precisa ser transversal, ela não pode estar desvinculada do debate Internacional da sustentabilidade dos povos, do respeito à diversidade e do projeto civilizatório, precisamos ser incluídos em todos os debates, estar representados em todos os espaços e lutar por mais visibilidade e enfrentamento às desigualdades ocasionadas pela discriminação da orientação sexual ou da identidade de gênero", afirma Andrey.
Sobreviventes da tragédia da Boate Pulse
Conservadorismo brasileiro
Andrey alerta que o Brasil vive um momento de obscurantismo no Congresso Nacional, "projetos como a Cura Gay, o estatuto da família, podem colaborar com o aumento da violação de direitos humanos, e projetos como a criminalização da homofobia e da identidade de gênero podem contribuir com o enfrentamento às violências, desigualdades e exclusão social. Lamentavelmente temos uma grande bancada conservadora no legislativo brasileiro, e poucos parlamentares comprometidos com os direitos humanos", conclui.