Lula: “Eles não sabem governar, só sabem privatizar”

Em ato contra o governo provisório de Michel Temer, na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um duro discurso, nesta sexta-feira (10), no qual acusou o interino de promover o desmonte do país. “Eles não sabem governar, só sabem privatizar”, disse.

Lula

Diante de uma multidão, Lula afirmou que Temer não age como presidente interino. Ele começou sua fala com críticas às mudanças na estrutura do governo, como a extinção de ministérios da área social e de direitos humanos. "Se a solução fosse diminuir ministérios, era melhor tirar a Fazenda, o Planejamento e deixar os ministérios que cuidam dos pobres, das pessoas, da sociedade", defendeu.

Como em outros discursos, Lula ressaltou que, durante seus mandatos, precisou provar que um peão sem diploma, como ele, era capaz de governar com mais competência que a elite. De acordo com o ex-presidente a atual gestão não está preocupada em governar, mas em vender o país.

“Eles não querem governar, querem vender o patrimônio público. Eles têm medo das coisas públicas, dos bancos e das empresas públicas. Só sabem privatizar e, para isso não precisa ter governo é só ter agiota”, disse, citando diversas empresas estatais, como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica e Transpetro. “Ora, meu deus do céu. Essa gente temos que tomar cuidado, quando tiverem um problema dentro de casa vão querer vender até a mulher, até a família”, brincou.

Lula destacou a força dos bancos públicos no país e lembrou que a Caixa Econômica é a segunda maior instituição financeira do Brasil. “Eu tenho orgulho. Porque, quando veio a crise em 2008 e o sistema financeiro privado não queria financiar o crédito, os bancos públicos ajudaram a salvar esse país e fizeram o PIB crescer 7,5%”, discursou.

O ex-presidente defendeu ainda o papel das classes baixas na movimentação da economia. “Eles [os bancos] aprenderam que os pobres, quando tomam dinheiro empresado, pagam. Eles aprenderam que era possível consertar esse país se a gente desse um voto de confiança ao povo pobre. É muito importante que a gente esteja exportando, mas é mais importante ainda emprestar dinheiro para o povo, para ele virar empreendedor e poder consumir e fazer a economia girar”.