Temer: "Estou em governo provisório, mas não ajo como se estivesse"
Com o desafio de cumprir com compromissos assumidos em troca do apoio ao impeachment, o presidente interino, Michel Temer, recebeu nesta quarta (8) representantes do empresariado paulista. No encontro, prometeu "harmonia institucional" e obediência à "ordem jurídica" como receita para a saída da crise política e econômica.
Publicado 08/06/2016 19:25
De acordo com a Rede Brasil Atual, Temer disse que, se não houver obediência à ordem jurídica, não há o que fazer. "Por isso, o nosso lema é ordem e progresso. Se não tem ordem, não tem progresso", afirmou para cerca de 200 empresários e representantes de entidades patronais.
O interino disse também que "ideologia, hoje, está fora de moda" e que as pessoas estão interessadas em resultados. Alegando ter tido pouco tempo para a formação do governo, Temer colocou todas as fichas na auto-elogiada equipe econômica, que, segundo ele, conseguirá resgatar o país da crise de confiança.
"Estou em governo transitório, mas não ajo como se estivesse, se não paralisaria o país", justificou-se. Apesar de ocupar a Presidência interinamente, Temer tem promovido mudanças profundas, que vão desde reformas administrativas, com extinção de ministérios, até revisão de decisões tomadas pelo governo anterior, redução de programas, enfim, alterações de rota que muitos apontam não serem da competência de uma gestão provisória.
Temer avaliou ainda que é necessário que todos tenham a consciência de que "não estamos encontrando o País com harmonia" e que é preciso solidificar os "novos fundamentos da economia".
O otimismo de Meirelles
Afirmando "novo discurso, novo tom e nova direção", o ministro da Fazenda do governo interino, Henrique Meirelles, prometeu não só reverter a crise, como trilhar novo caminho de desenvolvimento sustentável. Para tanto, Meirelles afirmou ser fundamental o restabelecimento da "saúde das finanças públicas", que, segundo ele, será conquistado com a proposta de crescimento real zero das despesas, conforme anunciado na peça do Orçamento.
Sem crescimento das despesas governamentais, a necessidade de financiamento do Estado diminui, fazendo sobrar recursos para as empresas. "Isso já gera confiabilidade no Estado, na gerência das contas públicas. Haverá cada vez mais recursos disponíveis para as empresas e para as pessoas, para o setor privado."
Ele também defendeu "a boa administração das empresas públicas" e disse que o mercado já começa a sentir os resultados das medidas tomadas. "Não tenho dúvida de que chegaremos, nos próximos trimestres, a retomar o crescimento do Brasil de uma forma e ritmo que pode surpreender", ressaltou Meirelles.
Moreira Franco admite insegurança do golpe
Já o secretário-executivo do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), Moreira Franco, expôs a situação de instabilidade na qual o golpe lançou o país. Ele afirmou que licitações e leilões de concessões vêm sendo adiados "porque não há confiança do investidor em colocar o seu dinheiro em regras e contratos cujas lideranças podem não estar aqui amanhã."
Sem referir-se diretamente ao processo do impeachment, ele afirmou que a insegurança institucional "está no DNA de todo esse processo". Também estavam presentes os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o pastor Marcos Pereira.