“Tirar dinheiro do BNDES não é remédio, é veneno para o Brasil”
Em discurso no plenário, o senador Jorge Viana (PT) teceu duras críticas à medida anunciada pelo presidente provisório Michel Temer (PMDB), que determina a devolução de R$ 100 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Tesouro. Segundo ele, o governo interino pretende, assim, retirar recursos de investimentos – que geram emprego – para pagar juros da dívida. “Isso que não é remédio, é veneno para o Brasil”, diz o senador.
Publicado 31/05/2016 16:49
Viana comparou a postura da gestão Temer com a atitude dos Estados Unidos diante de um momento de turbulência na economia.
“Nos Estados Unidos, quando houve a crise de 2008, o que o presidente [Barack] Obama fez? Ele montou um programa de US$ 500 bilhões de investimentos para enfrentar a crise. O programa do Brasil sabe qual é? É botar um banqueiro no lugar do outro banqueiro, para fazer o quê? Tirar investimento, tirar dinheiro do BNDES”, disse, nesta segunda-feira (30).
De acordo com ele, o esvaziamento do banco de investimentos prejudica o trabalhador, empresas, estados e municípios. “Isso é aumentar desemprego, falir prefeituras, falir governos, falir empresas. Não tem saída”, lamentou.
O senador tratou com ironia as críticas que a então oposição fazia ao banco, durante a gestão da presidenta eleita Dilma Rousseff. “O PT deixou tão mal o BNDES, que o governo tem R$ 100 bilhões para receber. Diziam que era tudo falido! Mas sabe para quê? Para pagar juros de dívida”, condenou.
“Você tira dinheiro do banco que empresta com juros subsidiados para gerar emprego. E tira para botar lá para o doutor [Henrique] Meirelles [ministro da Fazenda] pagar juros da dívida, porque ele não mexe em taxa de juros”, disparou.
O senador teme que, ao invés de reduzir juros, o governo provisório amplie as taxas dos empréstimos realizados com recursos de fundos constitucionais. “Se bobear, ele vai aumentar a taxa de juros dos fundos constitucionais, que estavam em 14% na época do [Joaquim] Levy, baixaram para 9,5% agora e, certamente, vão querer aumentar de novo. É isso que não dá para aceitar”, disse.