Declarações de Jucá repercutem na Câmara: “prova do golpe” 

As gravações publicadas pelo jornal Folha de São Paulo de conversa entre o ministro interino do Planejamento, Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, nesta segunda-feira (23), repercutiram no Congresso. Apesar de um dia de pouco movimento, em uma semana cortada por um feriado, os parlamentares, em entrevista, discursos e nas redes sociais manifestaram em uníssono críticas ao golpe que afastou a presidenta eleita Dilma Rousseff da Presidência da República. 

Declarações de Jucá repercutem na Câmara: “prova do golpe”

"É o certificado da fraude do golpe! O STF (Supremo Tribunal Federal) deve tratá-lo da mesma forma que tratou Delcídio, afastando-o rapidamente", declarou o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), para quem "o Brasil não pode suportar isso. Temos de interromper esta trajetória golpista.”

O deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) foi um dos primeiros a se manifestar sobre o assunto, enfatizando que as gravações comprovam um fato: “a conspiração de setores dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para impor um golpe de estado no Brasil e, com isso, firmar um pacto para frear a operação Lava Jato.”

“O golpe fica ainda mais claro e a situação de Temer e Jucá, ainda mais insustentável” afirmou o parlamentar do PCdoB. Ele disse ainda não ter dúvidas de que não havia nenhum interesse em combater a corrupção, ao contrário do que foi dito durante as votações realizadas na Câmara e no Senado.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também se manifestou sobre o tema, que mobilizou as redes sociais. “A verdade vindo à tona. O pacto pelo golpe é um grande acordo para barrar a Lava-Jato. É um absurdo sem tamanho”, disse a parlamentar pelas redes sociais.

Paralisar investigações

Os deputados petistas Paulo Teixeira (SP) e Caetano (BA) também avaliam as gravações como prova de que a intenção de tirar a presidenta Dilma Rousseff era para por um fim às investigações da Lava -Jato. As conversas ocorreram em março passado e Jucá sugeriu que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.

“Ficou explícito que o objetivo da derrubada de Dilma foi paralisar as apurações contra políticos envolvidos na operação Lava Jato. Na conversa Jucá também falou que Michel Temer é do mesmo grupo político de Eduardo Cunha e que a operação Lava Jato está chegando no candidato a presidência da república pelo PSDB Aécio Neves”, disse Paulo Teixeira.

Resposta de Dilma

Na avaliação do deputado, “para quem foi às ruas para derrubar Dilma, pode agora constatar que tirou uma pessoa honesta, sobre quem não há notícia de mal feito, para colocar um grupo de políticos que quer criar barreiras para impedir o prosseguimento das investigações. O golpe foi dado pela impunidade e não contra a impunidade".

Para o deputado Caetano, “as declarações do ministro do governo golpista Romero Jucá comprovam aquilo que nós estamos falando desde o início desse processo de impeachment: é um golpe; e seu objetivo é abafar a Lava-Jato. Michel Temer não tem nenhuma legitimidade e nenhuma condição de estar onde está. A ministra Rosa Weber queria saber porquê a presidenta Dilma chama o impeachment de golpe? A gravação de Jucá é a resposta de Dilma. É um golpe!", enfatizou Caetano .