Publicado 18/05/2016 10:29
As 24 obras de Miró foram doadas pelo seu neto, Joan Punyet Miró, e serão leiloadas na casa Christie's de Londres. A expectativa de arrecadação com o leilão é de cerca de 50 mil euros.
Joan Punyet Miró afirmou que fez a doação porque esta teria sido a vontade do seu avô. "Considero-me o portador da chama no que toca aos desejos do meu avô e tento fazer o que ele faria se ainda fosse vivo", afirmou o descendente do pintor.
O neto do pintor recordou que Miró passou por muitas dificuldades ao longo da vida. "Passou fome e viveu em exílio durante a Guerra Civil de Espanha", disse Joan Punyet Miró, lembrando que o pintor acompanhou a situação de milhares de refugiados espanhóis que viveram em campos ao longo da fronteira com a França durante aquele conflito (1936-1939).
Miró, defensor dos Republicanos na Guerra Civil espanhola, estava na França quando começou o conflito e decidiu ficar em Paris. Viveu na França, com a mulher e o filho, até à invasão nazista em 1940, quando regressou à Espanha de Franco.
"Ele sempre quis ajudar os mais desfavorecidos, os refugiados e os exilados. Hoje estaria consciente de que o que está acontecendo na Síria poderia acontecer na Espanha", disse o neto do pintor.
Miró, que morreu em 1983 com 90 anos, tinha uma dívida de gratidão para com a Cruz Vermelha, já que foi médico desta organização que salvou a perna da sua única filha – mãe de Joan Punyet – após um acidente de automóvel em 1965.
A vice-presidente da Cruz Vermelha espanhola, Rosa María Marco, lembrou que as 24 peças cedidas por Joan Punyet Miró "destinam-se a projetos solidários da organização, como o acolhimento e a prestação de cuidados da população refugiada no Leste da Europa".