Cunha emplaca aliado como líder do governo golpista na Câmara
Mesmo afastado da Presidência da Câmara por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teve poder para emplacar seu aliado e parte de sua tropa de choque, o deputado André Moura (PSC-SE), como líder do governo ilegítimo de Michel Temer na Câmara dos Deputados. O anúncio oficial ainda não foi feito pelo presidente ilegítimo, mas a escolha é dada como certa.
Publicado 18/05/2016 10:36
Moura é conhecido na Casa como grande aliado de Cunha e membro mais ativo da tropa de choque do presidente afastado na tentativa de evitar a cassação de Cunha no Conselho de Ética.
O parlamentar faz parte do grupo do Centrão, nome dado ao conjunto de 12 partidos (PR, PSD, PRB, PTB, Solidariedade, PHS, PROS, PSL, PTN e do próprio PSC de Moura), que manifestaram apoio ao afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff e ascensão ao poder do vice-presidente Michel Temer.
O apoio à Moura não inclui parlamentares do PSDB, DEM e PPS, que defendiam a indicação de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a função. O líder do PP, Agnaldo Ribeiro (PB), ao final de reunião na noite desta terça-feira (17), do Centrão, disse que a escolha de Moura era certa, considerando que o Centrão possui 300 votos na Câmara, enquanto Rodrigo maia só tem 25 votos.
A atribuição do líder do governo, que deve ser próximo ao presidente, é articular na Casa, as votações de matérias de interesse do governo de modo que consiga aprová-las.
O anúncio oficial do nome de Moura deve ser feito após a escolha do líder do governo no Senado. O presidente ilegítimo deve se reunir, na manhã desta quarta-feira (18), com lideranças da Casa para fazer a escolha.
Influência de Cunha
A influência de Cunha no governo ilegítimo de Temer não se restringe a escolha do nome de Moura para líder do Governo na Câmara. Nesta semana, o deputado Arthur Lira (PP-AL), da tropa de choque do peemedebista e também investigado pela Lava Jato, foi escolhido para presidir a Comissão Mista de Orçamento (CMO), uma das principais comissões do Congresso Nacional.
Cunha também quer emplacar o novo Presidente da Casa, caso o cargo de presidente seja considerado vago nos próximos dias e seja necessário realizar uma eleição para um mandato tampão. E para tirar o primeiro-vice-presidente , Waldir Maranhão (PP-MA), que assumiu o cargo desde que ele foi afastado na Casa, por não ter condições morais de presidi-la, Cunha conseguiu esvaziar quase todas as sessões que seriam presididas por Maranhão desde que ele deixou o cargo no dia 5 de maio.
A primeira sessão de Maranhão, nesta terça-feira (17), foi de embates, com os neogovernistas PSDB e DEM exigindo sua saída, mas Maranhão tem repetido que não renunciará.