12 ministros de Temer receberam dinheiro de empresas da Lava Jato
Os que hoje usurpam o governo da presidenta Dilma Rousseff adotaram, com apoio da mídia, um discurso falso de combate à corrupção. Em entrevista, Alexandre de Moraes, ministro da Justiça de Michel Temer, chegou a dizer que no governo Dilma a corrupção era endêmica e que “na Petrobras, não foi um ou outro servidor que se desviou”, mas “a estrutura da empresa”, o que para ele “é totalmente diferente”.
Publicado 16/05/2016 12:35
Mas bem longe desse discurso de factoides e ilações, estão os fatos. No gabinete dos sem voto de Michel Temer e de Alexandre de Moraes estão 7 investigados pelo esquema de corrupção na Petrobras. Mas além disso, o dinheiro de campanha de 12 ministros nomeados por Temer veio de empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato como Odebrecht, UTC, OAS e Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez.
Entre os ministros que receberam doações de investigadas estão José Serra, ministro das Relações Exteriores, Henrique Eduardo Alves, do Turismo, Geddel Vieira Lima, Secretaria de Governo, Blairo Maggi, da Agricultura, Maurício Quintela, da Infraestrutura, Portos e Aviação, Raul Jungmann, da Defesa, Mendonça Filho, da Educação e Cultura, Leonardo Picciani, do Esporte, Osmar Terra, do Desenvolvimento Agrário, Fernando Coelho Filho, de Minas e Energia, Bruno Araújo, das Cidades, e Ricardo Barros, da Saúde.
O tucano José Serra (PSDB-SP), na campanha que o elegeu para o Senado, recebeu oficialmente R$ 1,2 milhão da OAS e R$ 856 mil da Andrade Gutierrez.
Mas quem encabeça a lista de doações é Henrique Eduardo Alves, do PMDB, partido do usurpador Michel Temer. Investigado na Lava Jato, Henrique recebeu um total de R$ 7,8 milhões das empreiteiras da Lava Jato para sua campanha a governador do Rio Grande do Norte, em 2014. Isso representa 34% dos R$ 23 milhões declarados como doações na prestação de contas do peemedebista.
As quatro maiores empresas investigadas estão entre as doadoras: Odebrecht (R$ 5,5 milhões) e Queiroz Galvão (R$ 2,1 milhões), Galvão Engenharia (R$ 200 mil) e Andrade Gutierrez (R$ 100 mil).
Já Geddel Vieira Lima recebeu R$ 7,1 milhões em doações para a sua campanha em 2014 para o Senado pelo PMDB da Bahia, sendo R$ 2,3 milhões de empreiteiras como Odebrecht (R$ 1,7 milhão) e UTC (R$ 75 mil). Também encontra-se na lista de doadores o Banco BTG Pactual, que também é investigado na Lava Jato.
Todos os ministros dizem que tais doações foram feitas legalmente, previstas na legislação. No entanto, quando se trata de doações feitas ao PT, o discurso muda e as doações passam a ser a comprovação “da corrupção endêmica”, pois foram usadas como parte de pagamento de propina em troca de vantagens.
No entanto, a chamada “superlista da Odebrecht”, por exemplo, que vazou nas investigações da Lava Jato, indica o contrário. A planilha encontrada na casa do ex-presidente de Infraestrutura da empreiteira Benedicto Barbosa Silva Junior, em março, aponta pagamentos feitos pela empreiteira a políticos.
Os nomes dos ministros José Serra, Henrique Eduardo Alves, Raul Jungmann, Mendonça Filho, Osmar Terra, Bruno Araújo e Romero Jucá voltam a aparecer na lista, mas dessa vez com valores superiores aos declarados na Justiça Eleitoral, o que indica possível caixa 2. No total, a lista contém 279 políticos ligados a 24 partidos políticos.
Apesar do andamento das investigações na Lava Jato adotar ritmos distintos quando se trata de lideranças do PT e de outros partidos, as investigações dão conta de que Henrique Eduardo Alves, por exemplo, é suspeito de receber dinheiro do dono da OAS, Léo Pinheiro, em troca de favores no Legislativo e em tribunais.
Geddel aparece nas mensagens captadas pela Polícia Federal com Léo Pinheiro em que tratam de interesses da OAS em órgãos do governo, entre eles a Caixa Econômica Federal – da qual o agora ministro era vice-presidente.
Em outra mensagem de Pinheiro, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), menciona o pagamento de R$ 5 milhões a Temer e reclama de compromissos adiados com a “turma”, que incluiria Geddel e Alves.
A oposição ficou histérica quando a presidenta Dilma nomeou o ex-presidente Lula como ministro, acusando a presidenta de tentar impedir as investigações contra Lula e tentar dar foro privilegiado. No entanto, isso não impediu que tais ministros assumissem os ministérios, ganhando o “foro privilegiado”.