Publicado 15/05/2016 16:12
Jogadores, figurinhas carimbadas da velha política corrupta do nosso país; políticos com as mais diversas pendências judiciais; em fim de carreira e com currículos nada recomendáveis por onde jogaram. Uma escalação de fazer inveja ao Coalhada e às enroladas do Azambuja,, personagens do imortal cearense Chico Anysio, e de também “corar frade de pedra”, lembrando o provérbio português.
Se o treinador do time, o estrategista do mal e traidor, Temer, passou todos esses anos tramando, estudando, treinando e só conseguiu chegar a essa seleção, imagine o que ele será capaz de fazer com o Brasil quando o campeonato de fato começar. Campeonato este que ele articulou no Tapetão do Congresso, com apoio de Cartolas dos partidos reacionários, do Poder Judiciário, da Rede Globo, da grande imprensa, e de empresários sem compromisso com a torcida.
O time de “pernas de pau” do treinador Temer começa com o goleiro, Henrique Meireles (PSDB-GO), Ministro da Fazenda, um dos mais experientes em segurar a bola dos avanços sociais e em ser “frangueiro”, digo, até mesmo, “mão furada” para os banqueiros e grandes empresários.
Na lateral direita, o escalado foi Mendonça Filho (DEM-PE), Ministro da Educação. Além de ser acusado de receber mala preta de 100 milhões de reais da construtora Camargo Correia na operação Castelo de Areia, é um dos jogadores mais direitistas do nosso meio político. Só jogará recuado, atrasando o jogo.
A dupla de zaga é formada por Alexandre de Morais (PSDB-SP), Ministro da Justiça, e Eliseu Padilha (PMDB-RS), da Casa Civil. O primeiro jogador foi “pau puro” contra as manifestações de estudantes e movimentos sociais, e uma verdadeira dama na repressão ao crime organizado e PCC. Já o segundo, tem uma importante qualidade: sabe se mover com a bola, mudando frequentemente de lado, mas sempre fura e trai seus companheiros fazendo gol contra na hora certa.
Na lateral esquerda, o escalado foi Raul Jungmann (PPS-PE). Este não foi escolhido pelo seu passado de esquerda, mas sim pela sua conversão ao neoliberalismo e por ser um peixe do auxiliar técnico, Fernando Henrique Cardoso. Vai cruzar muitas bolas fora.
O meio de campo foi formado por três jogadores citados na Lava Jato: Romero Jucá (PMDB-RR), Ministro do Planejamento; Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), Secretaria de Governo e Henrique Alves (PMDB-RN), responsável pela pasta do Turismo. Eles vão dar de tudo para manter o foro privilegiado, livrando-se de ir para o chuveiro mais cedo nas investigações. Completando o quarteto de meio de campo, o técnico escalou o jogador Ricardo Barros (PP-PR), na Saúde. Ele é investigado no STF por direcionar licitações e, talvez por isso e pela sua profissão fora de campo (engenheiro), tem como missão, jogando pela direita, desconstruir o Sistema Unificado de Saúde (SUS). É um quarteto que, a qualquer momento, pode ser substituído pelos seus reservas, já que no time o técnico possui, ao todo, sete jogadores Ministros citados na Operação Lava Jato.
O ataque é formado pelo “canela de vidro” e “pipoqueiro” José Serra (PSDB-SP), Relações Exteriores, alvo de vários processos, inclusive de improbidade administrativa, mas que tem muita experiência em “fazer cera" em campo. Para completar o ataque, um nome de peso foi contratado, o apelidado “Motosserra de Ouro", o grande atacante Blairo Maggi (PP-MT). Ele é bastante criticado pelos ambientalistas, mas ganhou a posição pelo título ilustre de “Rei da Soja”, predicado suficiente para jogar, ser o capitão da equipe e o dono da bola.
Meus amigos, o pior é que o árbitro de todos os jogos do time do desgoverno Temer será Eduardo Cunha, como forma de agradecimento pelos bons serviços prestados anteriormente. Só foi possível formar este esquadrão graças aos investidores Sérgio Moro, Paulo Skaf, Aécio Neves, Teori, Renan e, como representante master do tio Sam, Obama; e, como sócios minoritários, outros de prestígio inferior nos porões do submundo do futebol da política.
O jogo começou e cabe agora às torcidas organizadas, aos movimentos sociais, aos políticos e partidos progressistas, aos sindicatos e ao Povo apresentarem o cartão vermelho para o treinador golpista Temer, torcerem e trabalharem para que o jogo sujo do time adversário termine o mais rápido possível e o nosso possa entrar novamente em campo. Um time mais agressivo, sem muito “lero lero” e “blá blá blá” de conciliar com as ideologias reacionárias, com as equipes conservadoras e, muito menos, com jogadores antidemocráticos. A ordem agora é do pescoço para baixo é canela.
*Arruda Bastos é médico, professor universitário, ex-Secretário da Saúde do Ceará e um dos coordenadores do Movimento Médicos pela Democracia.