Dilma para os manifestantes: alegria em hora trágica 

“O calor e a energia que vocês passam para mim eu tenho momento de alegria nessa hora trágica”, discursou a presidenta Dilma aos manifestantes, com quem se encontrou após a declaração à imprensa no Palácio do Planalto, na manhã desta quinta-feira (12). Em meio a aplausos, apertos de mão, beijos e palavras de ordem de “Dilma, guerreira do povo brasileiro”, Dilma repetiu que não cometeu crime de responsabilidade e portanto está sendo vítima de injustiça.

Dilma para os manifestantes: alegria em hora trágica - EBC

“A jovem democracia brasileira está sendo objeto de golpe. Eu chamo de golpe porque o impeachment sem crime de responsabilidade é um golpe. Eu não cometi crime de responsabilidade sendo objeto de grande injustiça. Aqueles que não conseguiram chegar aqui ao governo pelo voto direto do povo, que perderam as eleições, tentam agora pela força chegar ao poder”, disse a presidenta.

“E esse golpe está baseado em razões as mais levianas e injustificáveis porque os atos que me acusam são atos que se faz todo dia, são corriqueiros, feito por todos os presidentes que me antecederam”, disse ainda a presidenta, destacando que o golpe ocorre também porque o PT se recusou a dar ao Eduardo Cunha os votos para que ele fosse absorvido no Conselho de Ética da Câmara. “A própria imprensa divulgou isso fartamente e eu não sou mulher de aceitar esse tipo de chantagem”, afirmou.

Alvo de sabotagem

Ela lembrou que desde que foi eleita, parte da oposição, inconformada, passou a conspirar pelo  impeachment para tomar a força o que não conquistou nas urnas. E que o governo dela tem sido alvo de intensa e incessante sabotagem que a impediu de governar para forjar o ambiente propício para o golpe.

“Queria me dirigir à população do meu país para dizer que o golpe não visa apenas me destituir. Ao destituir o meu governo querem, na verdade, o fim da execução do programa que foi escolhido pelos votos majoritários dos milhões de brasileiros e brasileiras e ameaçam levar de roldão a democracia e as conquistas que a população alcançou nas últimas décadas”, discursou a presidenta.

Dilma também repetiu para os manifestantes o que havia dito à imprensa, que “o maior risco (para o Brasil) é ser dirigido por um governo do sem-voto, que não foi eleito pelo voto direto da população, que não terá legitimidade para propor soluções para os problemas do país e se verá tentado a reprimir quem se colocar contra ele. Um governo que será ele a grande razão para a crise política no nosso país.”

E garantiu que “não tenho contas no exterior, não recebi propina, não compactuei com a corrupção. Esse pedido de impeachment é juridicamente inconsistente, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente. Pior das brutalidades é punir alguém por um crime que não cometeu.”

“Não aceito chantagem”

Para ela, o impeachment é uma “farsa jurídica, que deve-se ao fato de que como presidenta não aceito chantagem de qualquer natureza. Cometi erros, mas não crimes. Fiz tudo o que a lei me autorizada fazer. Atos legais, necessários, atos de governo e idênticos aos que foram executados pelos presidentes que me antecederam. Não era crime na época deles e não é crime agora.”

Antes de embarcar em um carro para o Palácio da Alvorada, a presidenta disse ainda que “o destino me reservou grandes desafios, que pareceram intransponível, mas conseguir vencer. Já sofri a tortura, a doença, a injustiça, o que mais dói é a injustiça, é perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica, mas não esmoreço e olho para trás e vejo o que fizemos e olho para frente e vejo o que precisamos fazer e olho para mim mesma e olho para a face de alguém que tem força para lutar pelos seus direitos.”, declarou, manifestando esperança de que, assim como ela, “a população saberá dizer não ao golpe.”