PCdoB e PT lançam movimento de oposição a governo ilegítimo
Deputados do PCdoB e do PT deram início, nesta quarta (11), a um movimento para denunciar a ilegitimidade do processo de impeachment e de um provável governo Michel Temer (PMDB-SP). Em entrevista coletiva no Salão Verde da Câmara, as parlamentares que compõem a Frente em Defesa da Democracia destacaram sua disposição de manter a mobilização contra o golpe em curso e fazer oposição a uma eventual gestão do atual vice-presidente.
Publicado 11/05/2016 20:06
A Frente Parlamentar em Defesa da Democracia é composta por senadores e deputados federais. Carregando cartazes com frases como "Temer não será presidente. Será sempre golpista" e "Fora Temer. Cunha jamais. Dilma Fica", o grupo se revezou no microfone para reforçar que Temer não será reconhecido como presidente do país.
De acordo com a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), os próximos passos serão realizados em conjunto com o Comitê da Democracia — que reúne também sociedade civil e servidores do Congresso Nacional — e envolvem acompanhar todo o processo do julgamento e as iniciativas dos movimentos sociais nas ruas e nas redes, além de promover atividades em defesa da Constituição e das conquistas dos últimos 12 anos.
“Nosso objetivo é ampliar o debate sobre o curso político do que vivenciamos no Brasil”, explicou Luciana. “Vamos vivenciar uma situação inédita: uma presidenta legítima, eleita pelo voto popular, afastada da Presidência; e um vice-presidente que conspirou para chegar a essa situação. Teremos dois presidentes: uma eleita por mais de 54 milhões de votos e um imposto por um golpe”.
Afonso Florence, líder do PT na Câmara, destacou que até este momento do debate não surgiu nenhuma prova que sustente a tese de crime de responsabilidade. “Ficou comprovado seja pelo debate, seja pelas provas juntadas ao processo que não há crime de responsabilidade. Esse governo que está sendo montado pelo vice-presidente Michel Temer só confirma que é golpe. Um golpe na democracia, nas conquistas econômicas, trabalhistas e sociais do povo brasileiro”.
Luciana, que é presidenta do PCdoB, reforçou ainda que mais que nunca é fundamental manter a mobilização no Parlamento e nas ruas. “Está em marcha o projeto que foi derrotado nas urnas, que agora é chamado de ‘Uma ponte para o futuro’, mas que é nada mais que uma ponte para o passado neoliberal de restringir direitos e conquistas sociais, de mexer na Constituição brasileira, retirando obrigações constitucionais caras ao nosso povo como Saúde e Educação”, denunciou.
A frente destacou que o legado do governo Dilma continuará sendo defendido e que, ao contrário do vice-presidente, que mesmo no exercício da presidência carregará a marca de golpista, Dilma tem todos os motivos para seguir ao lado do povo. “Amanhã a presidenta Dilma sairá pela porta da frente, com o apoio do povo, abraçada pelo povo. Enquanto Michel Temer entrará no Palácio pela porta dos fundos, escondido, porque não tem apoio da população”, disse Luciana.
"Seremos oposição firme a Michel Temer. Não o chamaremos de presidente. E vamos avaliar as medidas dele criticamente", alertou a deputada Maria do Rosário (PT-RS). Já o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) declarou que a assinatura de Temer não terá valor porque o peemedebista não teve votos para chegar à Presidência. "Não reconheceremos nenhuma assinatura dele", completou.
As bancadas do PCdoB e do PT chamaram a atenção para a responsabilidade da oposição nas dificuldades econômicas do país, uma vez que os adversários da presidenta Dilma Rousseff não aceitaram o resultado das urnas em 2014 e atuaram para paralisar o país.
Os deputados anunciaram que irão se opor, no Congresso, às reformas trabalhista e da Previdência, serão a favor da taxação de grandes fortunas, de herança e lucro sobre capital próprio, além da revisão da tabela do Imposto de Renda e CPMF com faixa de isenção até 10 salários mínimos.