Deputado aponta pressões pelo golpe em nova decisão de Maranhão
A nova decisão do presidente da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), de não mais anular a sessão de três dias em que foi votado o pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff é mais um exemplo das fortes pressões e dos graves ataques que estão sendo feitos para um golpe de Estado no Brasil.
Publicado 10/05/2016 10:10
É o que avalia o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), que desde a abertura de processo, feita em 2015 pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vem denunciando a tentativa de golpe e a total ilegalidade da tramitação do pedido de impeachment no Congresso.
"A nova decisão do deputado Waldir Maranhão, atual presidente da Câmara, demonstra mais ainda as pressões e as ilegalidades para aprovar o impeachment. Tanta pressão que o fez tomar essa nova decisão", avalia Lopes, ressaltando a surpresa causada em todo o país pela decisão do próprio presidente em revogar seu ato de ontem.
"Isso mostra a fragilidade e a pressão que sofrem aqueles que ousam questionar esse processo de golpe. Inclusive sendo massacrados pela mídia. Quando impera a pressão e a chantagem, a verdade dos fatos e a argumentação jurídicas são jogadas na lata do lixo e a Constituição é rasgada de vez", aponta Lopes.
"Estamos em uma Casa da Mãe Joana: ganha quem gritar mais", aponta Chico Lopes, sobre a decisão que viabiliza a continuidade do processo de golpe. "Ora, se esse processo tem tantas fragilidades, tantas ilegalidades e tão claras, é urgente que o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribuanl Federal) determinem a paralisação dessa votação de quarta-feira no Senado. Com mais essa confusão, fica claro, mais uma vez, que não há qualquer motivo jurídico para tirar a presidenta Dilma. O que existe é um movimento político, de quem não se conforma em ter perdido a eleição de 2014 e não quer esperar até 2018", aponta Chico Lopes.
"Agora o mais importante é a opinião pública também se movimentar nesse sentido", destaca. "No Judiciário você não sabe quem é quem. Você vai para o Senado, sabemos que é conservador. E a Câmara fez o espetáculo dos bons maridos, dos bons esposos. A única saída que temos são os movimentos populares, as pessoas de bem".
Vício na origem
"Desde o início de toda essa tentativa de golpe temos alertado que não se trata de um processo jurídico, que a presidenta Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade. O que ela fez foi dizer 'não' ao ditador Eduardo Cunha, que queria os votos do PT no Conselho de Ética, para escapar de um processo de cassação por ter mentido sobre ter milhões de dólares na Suíça", aponta Chico Lopes.
"Como comprovado sem qualquer sombra de dúvida e como ressaltado pelo advogado geral da União, foi a decisão do PT de não apoiar Cunha no Conselho de Ética que o levou a pautar o pedido de impeachment da Dilma. Isso é desvio de finalidade, vício na origem. Isso torna esse processo nulo desde o começo", afirma Chico Lopes.
"O País assistiu impressionado a uma imensa farsa, um teatro triste, que só serviu aos propósitos do Cunha, de tentar se vingar da presidenta Dilma. Mas o Brasil não pode pagar esse preço, perder sua democracia, desrespeitar os votos de 54 milhões de pessoas, retirar do poder uma presidente que não cometeu nenhum crime", destaca.