Ceará adere ao Dia Nacional de Paralisação contra o Golpe

Professores, bancários, sindicalistas, comerciários, estudantes, mulheres, representantes de diversas frentes dos movimentos sociais se uniram nesta terça-feira (10/05), no Ceará, a milhares de pessoas em todo o país para realizar uma série de protestos contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff no Dia Nacional de Paralisação e Mobilização. As principais preocupações dos movimentos são em relação às ameaças aos direitos trabalhistas e aos programas sociais.

Ceará adere ao Dia Nacional de Paralisação contra o Golpe

Puxado pelas centrais sindicais CUT e CTB em parceria com as organizações Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, o dia de paralisações realiza atos em todo o País em defesa da democracia, pela manutenção e ampliação dos direitos trabalhistas e sociais, acima de tudo, contra o golpe que está em curso no Brasil que representa o retrocesso a esses avanços.

No Ceará, as ações reuniram, nas ruas e nas redes, trabalhadores mobilizados e unificados na defesa de uma só bandeira: a democracia. Em Fortaleza, duas principais manifestações paralisaram as atividades em duas das principais regiões da Capital cearense. No Ato dos Servidores Públicos Municipais, Estaduais e Federais, professores, estudantes e trabalhadores da educação interromperam o trânsito entre as avenidas Desembargador Moreira e Antônio Sales, nas proximidades da Assembleia Legislativa do Estado.

Do outro lado da cidade, na região do centro, bancários, comerciários, sindicalistas e trabalhadores em geral saíram da Praça do Carmo, uma das mais tradicionais de Fortaleza, em caminhada pelas principais ruas da região. Com palavras de ordem, os manifestantes denunciavam o golpe, as ameaças à classe trabalhadora e ganharam a adesão dos comerciários, que fecharam lojas em apoio à manifestação.

União da esquerda

Para o presidente estadual do PT, Francisco de Assis Diniz, “mais do que nunca está claro que a elite brasileira golpeia o projeto da classe trabalhadora”. E, para enfrentá-lo, só com a união das forças progressistas. “O golpe está dado e tem a lógica do Estado Mínimo e Neoliberal, que quer regular as relações passando a conta para a classe trabalhadora. Hoje, neste dia de paralisações, reafirmamos que haverá a unidade política e será pactuada a construção do novo momento de uma jornada de longo prazo. Estamos construindo algo extraordinário, de forte unidade política, com a valorosa participação do PCdoB, PT, PDT e PSol no enfrentamento da lógica do parlamento aliada à ação de rua”, destaca.

Para o petista, a Frente Brasil Popular, que vincula todas essas forças, amplificou ainda mais a ação unificando socialistas, progressistas e comunistas na bandeira da democracia. “Este é o sentimento de construção de unidade. No primeiro momento golpeia a presidenta democraticamente eleita, mas no segundo momento irão golpear as instituições e representações dos movimentos sociais, fechando o cerco contra tudo aquilo que é progressista e democrático. E o elemento que nos unifica é o sentimento de ampliar o que conquistamos mas, sobretudo, a construção de um projeto de soberania nacional, de desenvolvimento e inclusão social. Vislumbramos um período de enfretamento e estamos solidários à nossa presidenta e principalmente ratificamos o compromisso com os movimentos sociais e com a democracia”, reitera.

Povo nas ruas contra o golpe

Luciano Simplício, presidente estadual da CTB-CE, reforça que a atividade contra o golpe em curso mostram que os movimentos sociais e as centrais sindicais têm lado: o lado do trabalhador. “Reafirmamos que somos contra qualquer ingerência que venha tirar direito do da classe trabalhadora. Não aceitamos retrocesso nem na democracia nem nos direitos trabalhistas. A CTB orienta que o povo ocupe as ruas, pois só o que muda a correlação de forças é o trabalhador consciente do que pode perder e do que está em risco. Não vamos aceitar isso”, afirma.

A sindicalista Marta Brandão, presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Ceará (Sindsaúde), reforça que a unidade popular deverá ser ainda mais reforçada, pois os desafios que estão postos exigirão ainda ações conjutas. “O que está em andamento toda a sociedade já sabe. Vivenciamos um golpe contra a democracia, que tem como consequência acabar com os avanços sociais. Caso ele se concretize, vai exigir de todos nós muita unidade e disposição para enfrentar esse retrocesso que está em jogo no país. Vamos ocupar as ruas com mulheres, jovens, trabalhadores, idosos e todos para resistir, porque ainda dá tempo”, ratifica.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, a classe trabalhadora sempre foi desafiada a enfrentar grandes lutas em defesa de seus direitos e, no momento de retrocesso, de desarticulação da democracia e instabilidade política promovida por um “conspirador que defende uma agenda que retira direitos sociais”, só o povo nas ruas pode barrar o golpe. “Estamos reunidos, junto com cidades de todo o país, com a proposta de permanecer nas ruas, resistir e contrapor a esse golpe que não é aceito pela classe trabalhadora. Não reconhecemos o governo conspirador de Michel Temer e não reconhecemos a sua ‘Ponte para o Futuro’, proposta que acaba a valorização do salário mínimo, implanta a terceirização e ameaça mais uma série de direitos”, critica.

Além das atividades na capital, cerca de 300 militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) interditaram a CE-060 no município de Aracoiaba, localizado a cerca de 80 km de Fortaleza. A ação também faz parte da jornada nacional de paralisação, contra o golpe e pela democracia.