Thiago Cassis: Agora quem dá bola é a Punk Santista
Semana de decisão do Campeonato Paulista é sinônimo, nos últimos anos, de Santos na final.
Por Thiago Cassis
Publicado 02/05/2016 20:23
Das arquibancadas da Vila Belmiro surgiu um movimento que mistura punk rock, protestos e futebol. É o Movimento de Arquibancada Punk Santista. Apesar de ter sua primeira bandeira confeccionada em 1999, foi apenas em 2015 que o movimento cresceu e ganhou força e tem sua principal luta contra o que definem como o “futebol moderno”.
O presidente da Punk Santista, Rogério Demetrius Damasio, conversou com o Portal Vermelho para nos contar um pouco mais da boa mistura de praia, punk e futebol. Segundo Rogério, o movimento pensa em caminhar lado a lado com as torcidas organizadas do Santos, “as organizadas buscam a festa, e o apoio incondicional ao clube e isso é o que nós buscamos também, mas somos um movimento que pensa além disso, buscamos a luta de classes e somos contra todo o tipo de preconceito”, e continua, “achamos que movimentos e organizadas unidos formam uma unidade muito forte contra o futebol moderno”.
Sobre os efeitos na prática do tão criticado futebol moderno, o dirigente santista relembra que começou a is nos estádios no anos 80, levado por seu pai, “e uma das coisas mais loucas era o momento da entrada dos times, rojão, bandeiras, papel picado era uma festa imensa, o adversário entrava antes ou depois e a pressão era muito grande, hoje só tenho uma palavra pra descrever o que vejo, deprimente. E esse é só um fator da elitização”. A tentativa de adaptar o futebol brasileiro ao futebol europeu não passa desapercebido pelo movimento, “vemos o futebol acabar ano a ano diante dos nossos olhos. Um exemplo marcante é a FPF querer copiar a Uefa na entrada dos times nos estádios paulistas, toca uma música ridícula e passam por um portal sem sentido nenhum como se fossem a um velório”.
Quando questionado sobre se o Santos deve continuar na Vila Belmiro ou erguer uma arena Damasio é taxativo, “Vila Belmiro sem dúvida nenhuma. Arena é o fim da picada, cadeiras, todos sentados, faixas proibidas, cara, estádio de futebol é alegria, acesso a todo tipo de pessoa sem distinção de classe social, é por isso que brigamos”.
E já que a torcida leva o Punk no nome, pedimos uma lista de sons que animam os ouvidos dos torcedores do movimento, “Ramones, The Clash, Black Flag, Ratos de Porão, Olho Seco, Minor Threat, Circle Jerks, Pennywise, Bad Religion, Bad Brains e por ai vai”, aponta Rogério, mostrando que a lista ainda teria espaço para mais centenas de outras bandas.
Em tempos de luta nas ruas e nas arquibancadas, o Movimento Punk Santista vem fazendo sua parte!