Políticos golpistas são escrachados em atos da juventude
Desde o último dia 21 de abril, feriado em que o Brasil lembra a morte de Tiradentes e a traição de Joaquim Silvério, o Levante Popular da Juventude vem promovendo, em todo o país, protestos contra políticos que apoiam o impeachment. Neste domingo – 1º de Maio, o movimento promoveu um protesto em frente à casa de Antonio Anastasia (PSDB-MG) em Belo Horizonte (MG), relator da comissão especial do impeachment no Senado.
Publicado 02/05/2016 11:52
Na noite de sábado (30), eleitoras de Marta Suplicy (PMDB-SP), mulheres e artistas e em defesa da democracia se reuniram em frente à casa da senadora cobrando que vote contra o impeachment no Senado.
“Marta, traidora! Somos mulheres brancas negras indígenas, jovens, velhas, filhas e avós. Travestis, lésbicas, bissexuais, transexuais. Estudantes e trabalhadoras. Somos todas feministas. Batemos em sua porta para lembrar sua história”, cantaram.
As manifestantes reivindicaram de volta o poder de decisão do voto de Marta no impeachment. Eleita como senadora pelo PT, Marta trocou de partido recentemente para o PMDB e tem compactuado com o golpe.
Também no sábado (30) o senador Elmano Férrer (PTB-PI) encontrou um protesto na porta do aeroporto. O parlamentar foi recebido aos gritos de “você pagou / com traição / a quem sempre / te deu a mão”.
“Escrachado do Dia”
Na tarde de sexta-feira (29), uma manifestação aconteceu na frente do prédio onde mora o deputado federal Wladimir Costa (SD-PA), na Doca de Souza Franco, em Belém (PA). Entre aqueles que votaram pelo impeachment, este parlamentar se destacou no dia 17 de abril depois de falar na tribuna embrulhado na bandeira do Pará e soltar um rojão de confetes após anunciar seu voto.
Costa também ficou famoso, em janeiro de 2016, quando a Justiça bloqueou seus bens. Ele é acusado de desviar recursos públicos a partir de um convênio fechado entre sua ONG e a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel). Seu nome está entre aqueles que mais faltam às sessões. Em 2015, de um total de 125, ele não participou de 105.
Do total de faltas, 93 foram justificadas por sua assessoria com atestados médicos relacionados a intervenções cirúrgicas em sua coluna vertebral. Outras 12 ausências não tiveram justificativa oficial. Em 2011, quando estava no PMDB, o paraense liderou o ranking de campeão de faltas sem justificativa. Foram 29 de um total de 48.
Segundo o Levante Popular da Juventude, Costa foi o “escrachado do dia” porque “é acusado de crime de peculato. A manobra consistia em arquitetar um esquema no qual três assessores parlamentares fantasmas trabalhariam para ele em seu escritório em Belém. A totalidade dos salários dos supostos assessores era sacada das contas pelo irmão do deputado, Wlaudecir Antônio da Costa Rabelo, que depositava, religiosamente, o dinheiro desviado na conta de Wlad. O Golpe teria rendido R$ 210.400,00 ao parlamentar”. Os manifestantes citam também o caso de corrupção envolvendo sua ONG.
Parceiros de Cunha e Temer
Também na sexta-feira (29), houve manifestações em vários estados contra os “golpistas”. O deputado federal Sérgio Vidigal, recém expulso do PDT por votar a favor do golpe, foi alvo de protestos da juventude capixaba em frente a sua residência no balneário de Manguinhos, um pequeno vilarejo de pescadores no município de Serra, no litoral do Espírito Santo. O ato foi organizado pelo Levante Popular da Juventude do Espírito Santo, que denunciou o deputado golpista com faixas e cartazes colados na parede de sua casa e gritos de ordem.
O deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), que esteve no Instituto de Ciências Agrárias da UFMG em Montes Claros, também foi alvo de protestos. O mesmo ocorreu em frente ao escritório político do deputado federal Vitor Lippi (PSDB), em Sorocaba.
“Fizemos isso porque eles são parceiros de Cunha e Temer e trabalham para atender aos interesses desses golpistas corruptos, assim sendo, votaram a favor do golpe. Mas Lippi e Campos possuem ações judiciais contra eles, por improbidade administrativa, ou seja, usam dinheiro público para interesses pessoais”, explicaram os manifestantes através da página oficial do grupo.
Primeiro alvo
O primeiro alvo dos manifestantes foi o vice-presidente Michel Temer, chamado de #TemerSilvériodosReis nas redes sociais, no dia 21 de abril. Depois da manifestação na porta da sua casa, em São Paulo, ele decidiu regressar a Brasília, onde houve também manifestações contra a tentativa de golpe de Temer para assumir a Presidência da República a partir do impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff.
Ao longo dos últimos 15 dias, os manifestantes também protestaram na casa do deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) – um condomínio de luxo no centro histórico do Recife; e do deputado Esperidião Amin (PP-SC), em frente à Assembleia Legislativa de Santa Catarina, onde estudantes o confrontaram.
O líder do PSDB no Senado e um dos defensores do impeachment, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) foi chamado de corrupto e “cassado” por manifestantes no aeroporto de Brasília. Em 2008, ele teve o mandato cassado por compra de votos.
Outro alvo dos manifestantes do Levante Popular da Juventude da Paraíba foi o deputado paraibano Benjamin Maranhão (SD-PB), que votou a favor do impeachment. Integrantes do movimento foram protestar em frente ao prédio onde ele mora , assim como fizeram em frente à casa do deputado federal sergipano André Moura (PSC), em Aracaju. O parlamentar é réu em seis processos no STF por corrupção e é braço direito de Eduardo Cunha.
No dia seguinte à votação na Câmara, o deputado Vitor Valim (PMDB-CE) foi recebido no aeroporto aos gritos de golpista. Esta foi a segunda vez que Valim recebe protestos. A primeira aconteceu em oito de abril.
Também foi organizado ato em frente ao condomínio no Rio de Janeiro onde vive o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), um dos principais alvos de protestos por ter dedicado o voto a favor do impeachment ao torturador Carlos Alberto brilhante Ustra.
O deputado Tiririca (PR-SP) também foi alvo de protestos no aeroporto de São Paulo, quando desembarcava após a votação do impeachment na Câmara.