Dilma no 1º de Maio: “Vou resistir e lutar até o fim”

A presidenta Dilma Rousseff participou neste domingo (1º) do ato do Dia do Trabalhador, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, organizado por CUT, CTB e Intersindical. Firme, Dilma ressaltou que “vai resistir e lutar ate o fim” referindo-se ao impeachment no Senado. Denunciou que o objetivo daqueles que tramam contra ela é acabar com o projeto político que incluiu milhões de brasileiros e aconselhou: “Vão às urnas em 2018 e se coloquem sob o crivo do povo brasileiro”.  

Por Railídia Carvalho 

Dilma no 1º de maio - Cinthia Ribas

“Vão acabar com o Bolsa Família para 36 milhões de brasileiros”, denunciou a presidenta. De acordo com proposta do programa do PMDB, o benefício do Bolsa Família seria direcionado apenas para os 5% mais pobres.

“Os 5% mais pobres totalizam 10 milhões de brasileiros. Sabe quantas pessoas recebem hoje o Bolsa Família? 47 milhões. O que significa que 36 milhões vão ter que se virar. Vão acabar com o Bolsa Família para 36 milhões de brasileiros e brasileiras”, denunciou Dilma.

Conquistas democráticas

Ela mencionou a luta contra a ditadura, da qual participou ativamente, e fez um paralelo com a luta de hoje. “Eu lutei e resisti à ditadura. A luta de hoje é uma luta muito mais ampla que nós vamos levar em favor de todas as conquistas democráticas daquela luta contra a ditadura e de todos os ganhos que nós tivemos nos últimos anos com o governo do Lula e com o meu”, disse.

Dilma continuou dizendo que o que está em jogo é a defesa de um mandato dado por 54 milhões de pessoas que acreditaram em um projeto de desenvolvimento para o Brasil.

“Esse projeto que eles querem impor ao Brasil não foi vitorioso nas urnas em 2014. Se quiserem vão às urnas em 2018 e se coloquem sob o crivo do povo brasileiro. Se forem eleitos, conseguiram legitimamente, mas da forma como eles querem chegar ao poder, sem voto, numa eleição indireta e sob o disfarce de impeachment. Não!. Não passarão!”, conclamou a presidenta.

Fora Cunha!

Diante de um público estimado em 100 mil pessoas, Dilma relembrou o roteiro do golpe desde a recontagem dos votos até a chantagem do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que não sendo atendido aceitou o pedido de impeachment contra Dilma. Ao ouvir o nome de Cunha, a multidão interrompeu o discurso de Dilma com um sonoro “Fora Cunha”.

“Do que eles me acusam? Não tenho conta no exterior, não sou acusada de corrupção. Se eles fazem isso contra mim, o que vão praticar contra o povo trabalhador? O que vão fazer contra o mais anônimo deste país?”, questionou.

Contra os trabalhadores

“O 1º de Maio é historicamente um dia de resistência”, lembrou Dilma. Ela leu notícias publicadas na imprensa sobre o programa que poderá ser adotado no Brasil no caso de o impeachment vigorar, que ameaça, por exemplo, a histórica política de valorização do salário mínimo, entre outras conquistas dos trabalhadores brasileiros.

“Com a desvinculação desta política de salário mínimo para os benefícios dos aposentados, os aposentados não terão mais reajuste. Além disso, eles querem fazer da CLT letra morta, colocando a prevalência do negociado sobre o legislado”, observou Dilma, que disse que o programa não deixa dúvidas em relação às privatizações: “A ideia é privatizar tudo o que for possível e o pré-sal é o primeiro a ser afetado”, disse.

Reajuste para o Bolsa Família

A presidenta anunciou durante o discurso que autorizou um reajuste no Bolsa Família que significa um aumento médio de 9%. Ela esclareceu que a proposta estava prevista desde agosto de 2015, quando foi enviado o orçamento para o Congresso.

“Foi aprovada pelo Congresso e, diante do quadro atual, nós tomamos medidas que garantem um aumento na receita deste ano e nos próximos anos para viabilizar esse aumento do Bolsa Família”, explicou.

Dilma ressaltou que as medidas foram feitas sem comprometer o cenário fiscal, “que eles gostam de dizer que comprometemos”, alfinetou.

Além do Bolsa Família, outras medidas do governo federal anunciadas são 25 mil moradias do Minha Casa, Minha Vida destinadas a famílias do campo e da cidade; correção de 5% na tabela do Imposto de Renda a partir do ano que vem para pessoa física; criação de um conselho do trabalho tripartite e ampliação da licença-paternidade para os funcionários públicos, de 5 para 20 dias.