Brasil gasta R$ 10 bilhões por ano em acidentes de trabalho
A adoção de uma cultura de prevenção pelos patrões, trabalhadores e sociedade é fundamental para a redução dos acidentes de trabalho no Brasil. Em 2015, o país registrou 704 mil ocorrências, que provocaram três mil mortes. Os dados foram apresentados nesta quinta-feira (28) na audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, em homenagem ao Dia Mundial de Segurança e Saúde do Trabalho, celebrado na data.
Publicado 29/04/2016 11:43
O vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Ângelo Fabiano Farias da Costa, disse que o Brasil gasta R$ 10 bilhões por ano com indenizações e tratamentos decorrentes de acidentes de trabalho.
Entre os fatores que contribuem para essas ocorrências estão a alta rotatividade de mão de obra, a existência de máquinas inadequadas e obsoletas e o excesso de jornada.
Há ainda a falta de atuação do Estado em razão de restrições e cortes orçamentários e do sucateamento de suas instituições, entre elas o Ministério do Trabalho, a Justiça do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho, o que diminui a efetividade da fiscalização para o cumprimento das normas de proteção.
“Os acidentes do trabalho são uma chaga social. Esse é um momento de reflexão da sociedade. Precisamos cada dia mais conscientizar a população dos males que trazem para a sociedade. Estamos vivenciando uma guerra invisível. Os números não diminuem”, afirmou o procurador.
Doenças ocupacionais
A ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Delaíde Arantes, que também participou da audiência, ressaltou que o sistema jurídico inclui como acidentes de trabalho as doenças ocupacionais, que se destacam no setor bancário, no comércio e na reparação de veículos automotores.
As vítimas são sobretudo homens acima dos 30 anos de idade, e o quadro é mais agravante no setor terceirizado, sobretudo “onde o salário é menor e o trabalho é maior”.
O Procurador da Advocacia Geral da União (AGU), Renato Vieira disse que o Brasil está “na rabeira” dos países civilizados, já que o país ocupa a quarto lugar mundial entre aqueles com maior ocorrência de acidentes de trabalho.