Anhangabaú contra golpe - Dino Santos
Os atos do Dia Internacional dos Trabalhadores foram consagrados como uma atividade unitária da Frente Brasil Popular, Povo sem Medo e outras organizações para dar continuidade à luta contra o impeachment da presidenta Dilma. Dessa forma, lutar pela democracia ocupa o topo da agenda dos trabalhadores, condição indispensável para fazer valer seus reclamos por emprego, salário e direitos.
Duas semanas depois do fatídico dia 17 de abril, onde a maioria conservadora da Câmara Federal exibiu um inacreditável circo de horrores, a consciência democrática no Brasil se levanta para construir diques ante o avanço da maré regressiva em curso no país. O alvo do conservadorismo são os trabalhadores, a democracia e a soberania nacional.
Um exemplo disso é a proposta apelidada de “Ponte para o Futuro”, com que o vice-presidente Michel Temer pretende colocar em prática na hipótese de vitória dos golpistas. Por essa falsa ponte, o que se apresenta é o retorno da agenda neoliberal de triste memória da chamada Era FHC.
Retorno das privatizações, desvinculação orçamentária dos recursos para saúde e educação, fim da política de valorização do salário mínimo e do reajuste com aumento real das aposentadorias, criação de idade mínima de 65 anos para homens e 60 para mulhees para se aposentar, prevalência do negociado nas negociações salariais em detrimento dos direitos sociais da Constituição e da CLT, reforma sindical e reforma política para restringir ainda mais a democracia em nosso país.
Eis aí um pequeno resumo do pacote de maldades em gestação no ventre das forças conservadoras brasileiras. É certo que os trabalhadores passam por um período difícil, com aumento do desemprego, diminuição da renda e incertezas quanto ao futuro. Mas a luta para virar o jogo passa longe desse programa dos golpistas. Por isso, nesse primeiro de maio vamos unir amplas forças políticas e sociais em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores, reverberando com força a palavra de ordem que galvaniza o Brasil – “Não vai ter golpe!”
*Nivaldo Santana é vice-presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)