Em Paris, “não” ao impeachment reúne centenas de manifestantes

Entre bandeiras do Brasil, cartazes pela democracia, roda de samba e camisetas e bonés do Movimento dos Sem Terra, os brasileiros quiseram mostrar aos franceses o teor do processo político. Esta foi a quarta manifestação, desde março, do grupo.

Os participantes cantaram músicas contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e levaram cartazes denunciando o golpe.

Formado em parte por estudantes brasileiros de mestrado e doutorado de passagem pela capital francesa, o grupo teve, na véspera, um artigo publicado pelo jornal Le Monde, em que acusa a elite brasileira de estar por trás dos movimentos contra o governo, por ser contrária à distribuição e renda no país.

O Movimento Democrático 18 de Março participou nas últimas semanas de programas de rádio e programas de televisão falando sobre sobre a crise brasileira.

O videomaker Filipe Galvon, 34 anos, que vive na França há três, ajudou a redigir o artigo publicado pelo grupo no jornal Le Monde deste fim de semana. “A ideia era mostrar que a história do impeachment que estão contando tem muito mais de ficção do que realidade”, afirma Galvon. “Para o público francês, é difícil entender que o impeachment é um dispositivo legal, da Constituição, mas que é usado de forma ilegal.”

A ofensiva na mídia, na avaliação de Galvon, teve resultado. “Com todas as matéria que conseguimos colocar na mídia, finalmente eles estão entendendo que há uma manipulação midiática e toda uma concertação entre mídia, direita e poder judiciário, para derrubar uma presidente democraticamente eleita”, afirma o brasileiro.